O verdadeiro Campeão de 1987 |
"Uma revolução aconteceu no futebol nacional em 1987. A CBF, mal administrada e sem recursos, declarou-se incapaz de promover o Brasileiro daquele ano, levando os principais clubes do país a criarem, em 11 de julho, uma liga independente chamada Clube dos 13. Este organizou a Copa União, reunindo 16 times, incluindo três convidados: Coritiba, Goiás e Santa Cruz, seguindo um ranking estabelecido com base no histórico do campeonato, desde 1971.
O movimento obteve três aliados, a Coca-Cola, a Varig, e principalmente a TV Globo, que comprou o evento com exclusividade. Sem opção, o presidente da CBF, Octávio Pinto Guimarães, aceitou tudo o que foi proposto. Mas em 14 de julho, o seu vice, Nabi Abi Chedid, resolveu divergir, mostrando que as transmissões de jogos ao vivo, inclusive para as próprias praças, iriam espantar o público dos estádios. Alegou também o dirigente que os clubes excluídos da Copa União, tal como essa foi formulada, seriam prejudicados.
Seguiram-se quase dois meses de discussões. Em 3 de setembro, o Clube dos 13 e a CBF anunciaram um novo acerto, um campeonato com 32 clubes, divididos em dois módulos: o Verde, reunindo os 16 principais, cujo vencedor seria declarado o campeão brasileiro, e o Amarelo, com outros 16 times, também escolhidos com base no tal ranking histórico, na realidade uma Segunda Divisão. Ao fim do campeonato, de acordo com o regulamento, os dois primeiros colocados de cada módulo disputariam um quadrangular, mas apenas para escolher os representantes do país na Taça Libertadores de 1988, para que o tal Amarelo tivesse um mínimo de dignidade.
O Clube dos 13 seguiu no firme propósito de descartar os caprichos e interesses de Nabi, cuja resistência, minada pela força dos grandes, acabou sendo vencida. Logo, o Clube dos 13 anunciou o início da Copa União para 11 de setembro, como ocorreu. O sucesso foi imediato. Por isso, os clubes do Amarelo não tardaram a pressionar a CBF, que resolveu anunciar um outro regulamento, embora - isso é incrível - a entidade não fosse a responsável pela organização do campeonato.
Segundo a nova determinação, imposta com a competição em pleno andamento, o quadrangular previsto para indicar os dois times do país na Libertadores, apontaria também o campeão brasileiro.
O Clube dos 13, é claro, e por unanimidade, descartou imediatamente tal possibilidade, recusando-se enfim a cumpri-la. Vale lembrar que as desavenças políticas entre Nabi e seus adversários continuaram existindo, e que o dirigente não tardou a assumir efetivamente o comando da CBF, depois que Octávio, enfermo, viu-se obrigado a se afastar da presidência da entidade. Assim, tornou o regulamento que previa o tal cruzamento, imposto com o campeonato em andamento, definitivamente oficial, embora não pudesse fazê-lo, pois a CBF - repita-se - não era a responsável pela organização do Brasileiro.
E ainda declarou o Sport como campeão, embora qualquer torcedor com bom senso e com capacidade para a compreensão dos fatos saiba que o verdadeiro vencedor daquele ano é o Flamengo".
O movimento obteve três aliados, a Coca-Cola, a Varig, e principalmente a TV Globo, que comprou o evento com exclusividade. Sem opção, o presidente da CBF, Octávio Pinto Guimarães, aceitou tudo o que foi proposto. Mas em 14 de julho, o seu vice, Nabi Abi Chedid, resolveu divergir, mostrando que as transmissões de jogos ao vivo, inclusive para as próprias praças, iriam espantar o público dos estádios. Alegou também o dirigente que os clubes excluídos da Copa União, tal como essa foi formulada, seriam prejudicados.
Seguiram-se quase dois meses de discussões. Em 3 de setembro, o Clube dos 13 e a CBF anunciaram um novo acerto, um campeonato com 32 clubes, divididos em dois módulos: o Verde, reunindo os 16 principais, cujo vencedor seria declarado o campeão brasileiro, e o Amarelo, com outros 16 times, também escolhidos com base no tal ranking histórico, na realidade uma Segunda Divisão. Ao fim do campeonato, de acordo com o regulamento, os dois primeiros colocados de cada módulo disputariam um quadrangular, mas apenas para escolher os representantes do país na Taça Libertadores de 1988, para que o tal Amarelo tivesse um mínimo de dignidade.
O Clube dos 13 seguiu no firme propósito de descartar os caprichos e interesses de Nabi, cuja resistência, minada pela força dos grandes, acabou sendo vencida. Logo, o Clube dos 13 anunciou o início da Copa União para 11 de setembro, como ocorreu. O sucesso foi imediato. Por isso, os clubes do Amarelo não tardaram a pressionar a CBF, que resolveu anunciar um outro regulamento, embora - isso é incrível - a entidade não fosse a responsável pela organização do campeonato.
Segundo a nova determinação, imposta com a competição em pleno andamento, o quadrangular previsto para indicar os dois times do país na Libertadores, apontaria também o campeão brasileiro.
O Clube dos 13, é claro, e por unanimidade, descartou imediatamente tal possibilidade, recusando-se enfim a cumpri-la. Vale lembrar que as desavenças políticas entre Nabi e seus adversários continuaram existindo, e que o dirigente não tardou a assumir efetivamente o comando da CBF, depois que Octávio, enfermo, viu-se obrigado a se afastar da presidência da entidade. Assim, tornou o regulamento que previa o tal cruzamento, imposto com o campeonato em andamento, definitivamente oficial, embora não pudesse fazê-lo, pois a CBF - repita-se - não era a responsável pela organização do Brasileiro.
E ainda declarou o Sport como campeão, embora qualquer torcedor com bom senso e com capacidade para a compreensão dos fatos saiba que o verdadeiro vencedor daquele ano é o Flamengo".
Texto de Roberto Assaf.