Sinto saudades de bons textos sobre futebol, que falta sinto de Sandro Moreira, Armando Nogueira, Nelson Rodrigues e tantos outros. Futebol tem estado muito chato, mas de vez em quando surge algo ao meu gosto saudosista. O Flamengo bem que merece algo do seu tamanho, esse time tem enchido nossos olhos. Veja que preciosidade que encontrei na web, no Blog do Zuca Kfouri
Por FRED SOARES - Jornalista carioca, apaixonado por samba e pelo Flamengo, que ainda sonha ver uma sociedade edificada nas bases do amor, tolerância, solidariedade e humanismo.
Afora caos político sofrido na pele por cada um dos cidadãos cariocas – independentemente da condição social -, o Rio de Janeiro ainda oferece histórias e situações dignas do tradicional DNA bem-humorado da cidade. Historiadores, sociólogos e intelectuais afins estão diante de um case daqueles de encher os olhos e que, portanto, merecia uma apurada observação sob a perspectiva do registro para a posteridade. Explico: enorme parcela do lado rubro-negro da Guanabara demonstra estar diante da maior perspectiva de êxtase pela qual jamais passou.
Jovens torcedores na casa dos 25, 30 anos (ou menos) cresceram ouvindo de seus pais e avós todas as histórias envolvendo o esquadrão liderado por Zico. É bem capaz de que muitos dos que vivenciaram aquela Era até tenham exagerado nos relatos com o legítimo objetivo de criar na mente de seus herdeiros a mística que está absolutamente associada à história do clube. O resultado de tudo isso foi que, apesar de algumas conquistas nacionais e uma internacional em todo este período, essa geração mais nova nunca esteve plenamente satisfeita. Faltava-lhe um time que pudesse chamar de seu. Uma equipe que, além da conquista, proporcionasse o encanto que servisse de catalisador para a manifestação plena do jeito rubro-negro de ser.
A primeira parte deste filme – que pode se transformar num épico – está em pleno andamento. Tudo graças a, quem diria, um português. Alguém que naturalmente pela sua nacionalidade teria uma relação com um dos rivais do Flamengo foi o indutor de uma forma de jogar que, sem dúvida, não se vê desde 1987, ano da última conquista nacional de Zico com a sua segunda pele. Jorge Jesus, para muitos, é um revolucionário.
A primeira parte deste filme – que pode se transformar num épico – está em pleno andamento. Tudo graças a, quem diria, um português. Alguém que naturalmente pela sua nacionalidade teria uma relação com um dos rivais do Flamengo foi o indutor de uma forma de jogar que, sem dúvida, não se vê desde 1987, ano da última conquista nacional de Zico com a sua segunda pele. Jorge Jesus, para muitos, é um revolucionário.
Torcedora orando. |
Mas, a rigor, faz o que se espera de qualquer treinador minimamente competente: fazer valer ao máximo o talento individual dos atletas a partir de um plano de jogo coletivo bem articulado e competitivo. Houve quem desdenhasse da chegada do português. Desde torcedores, profissionais do futebol e até mesmo jornalistas. Estes últimos, inclusive, com um agravante: assumiram a condição de porta-vozes de um movimento de reserva de mercado que visa a manter incólumes treinadores que se entregaram à zona de conforto e que, por tabela, arrastam o futebol brasileiro no mesmo caminho.
Jorge Jesus posa para a foto no Ninho do Urubu. Técnico assinou contrato de um ano. Foto: Alexandre Vidal / Flamengo / LANCE! |
Depois de um começo um tanto turbulento (algo natural dentro de um processo de reinício de trabalho), o Flamengo de Jorge Jesus deu liga. Ultrapassou etapas na Copa Libertadores, obteve resultados que levaram o Flamengo à ponta da Série A, mas tudo isso sob o signo de uma arte que parecia esquecida no fundo de alguma gaveta: a arte de bem jogar o futebol. Algo tão intrínseco ao futebol brasileiro que chega a surpreender a reação de alguns que aponta tal performance como algo que represente uma novidade. A conseqüência disso é um sentimento a que há algumas décadas o Rio de Janeiro não assistia.
O torcedor Juan, aos 2 anos, ergueu a camisa do Flamengo e rodopiou em pleno Maracanã Foto: Ivo Gonzalez / Ivo Gonzalez |
Nos últimos dois meses, cresceu absurdamente o número de camisas do Flamengo passeando pelas ruas da cidade (não foi à toa que uma carga solicitada de 200 mil exemplares foi rapidamente esgotada, a ponto de o clube solicitar uma nova leva de 400 mil uniformes).
Lotar o Maracanã virou uma rotina que nem no tempo de Zico era corriqueira, ainda mais num estádio onde cabiam 200 mil torcedores. Até no mundo virtual, o boom se manifesta. O rubro-negro lidera o número de menções no Twitter, deixando para trás potências europeias como Manchester United, Barcelona, Real Madrid e Juventus. São elementos mais do que suficientes para justificar este ambiente de euforia; no entanto, falamos de esporte, um mundo em que tudo pode acontecer. Até o triunfo máximo.
Cabe ao clube manter o equilíbrio, o chamado gelo no sangue; e ao torcedor manter acesa essa luz que pode acabar por proporcionar o mais iluminado ano rubro-negro depois de 1981, o que vai permitir o surgimento de uma nova geração de filhos e netos flamenguistas.
Lotar o Maracanã virou uma rotina que nem no tempo de Zico era corriqueira, ainda mais num estádio onde cabiam 200 mil torcedores. Até no mundo virtual, o boom se manifesta. O rubro-negro lidera o número de menções no Twitter, deixando para trás potências europeias como Manchester United, Barcelona, Real Madrid e Juventus. São elementos mais do que suficientes para justificar este ambiente de euforia; no entanto, falamos de esporte, um mundo em que tudo pode acontecer. Até o triunfo máximo.
Cabe ao clube manter o equilíbrio, o chamado gelo no sangue; e ao torcedor manter acesa essa luz que pode acabar por proporcionar o mais iluminado ano rubro-negro depois de 1981, o que vai permitir o surgimento de uma nova geração de filhos e netos flamenguistas.