sábado, 23 de agosto de 2025

Bodas de Pérola - 30 Anos de Casamento.

Para o mundo moderno é uma fake news!




Para nós, estar casado com a mesma pessoa por trinta anos é, sim, um feito extraordinário. Mais do que isso: um milagre! Coisa de cinema, de minissérie, de filme... de um bom dorama. Mas, na verdade, um feito de Deus. Na minha cabeça, não seria possível. Pelos muitos aspectos da vida moderna e, sobretudo, pelas minhas próprias características. Sempre fui introspectivo, enquanto Luciana era exatamente o contrário. Ela sabia dançar samba e sempre se tornava atração. Eu? Exatamente o inverso. Difícil juntar mundos tão distantes! Como alguém como eu poderia casar com alguém como ela?

Mas eu sonhava conhecer uma garota legal. Sonhava um pouquinho — sonhar não custa nada. Ousei pedir a Deus em oração. Orei por isso. E Ele me atendeu. Apareceu-me ela. Não era o que pedi a Deus: era muito diferente de mim. Alegre, extrovertida, risonha, festeira, amante do samba. Tudo o oposto. Achei que Deus não tinha entendido nada, quis devolver o presente. Foi quando uma amiga incomum me disse: “Não é você que está escolhendo. É ela que te escolheu.” Eu já tinha terminado o namoro, mas dei uma chance a mim mesmo. Afinal, presente não se dispensa. E Deus não erra.

Algo dentro de mim se acalmou. Foi como se a vida tivesse sussurrado que ali começava um novo tempo. Com ela, descobri que o tempo é o maior escultor dos sentimentos verdadeiros. Trinta anos depois, percebo: não foi por acaso. Nada foi acaso. Havia um plano traçado muito antes de nos encontrarmos. Era preciso confiança e silêncio para compreendê-lo.

Hoje sei que cada passo nos trouxe até aqui porque havia propósito. Volto no tempo e me pergunto: o que será que o Criador pensava quando moldou a essência dela? Talvez estivesse atento às minhas preces silenciosas, às esperas disfarçadas, aos pedidos guardados no fundo da alma. Porque, ao me entregar Luciana, Ele não apenas respondeu: Ele superou qualquer esperança que eu ousasse cultivar.

Ela me trouxe companheirismo nos dias cinzentos, luz nos corredores escuros da dúvida. Esteve ao meu lado nos silêncios pesados, nas alegrias barulhentas, nas pequenas conquistas do cotidiano. E eu estive com ela em cada renúncia disfarçada de escolha, em cada sorriso sustentado no meio da tempestade. Aprendi que amar é também cuidar da dor do outro como se fosse nossa.

Em três décadas, vi nossa história criar raízes profundas, como as de uma árvore que já resistiu a muitas estações. Vi nossas diferenças se tornarem forças complementares. Vi nossos sonhos se desenharem um no outro. Hoje, olhando para trás, percebo o quanto fui moldado por ela — e com ela. Sei que não sou completo sozinho. Minha coragem, muitas vezes, foi alimentada pela presença dela. Ela não apenas me inspirou: ela me transformou. Meu olhar sobre o mundo mudou porque passei a ver com seus olhos também.

Se há harmonia em minha existência, é porque ela ecoa na sua voz, no seu toque, na sua entrega. Talvez Deus tenha mesmo ouvido todas aquelas orações feitas entre lágrimas e silêncio. Talvez tenha anotado cada desejo que eu não soube traduzir em palavras. E, no tempo d’Ele, me entregou o que eu nem sabia que precisava.

Hoje celebramos nossas bodas de pérola. Trinta anos de construção, de resiliência, de admiração, de afeto amadurecido. Pérolas nascem do tempo e da paciência — como o nosso amor. Um amor que não é perfeito, mas é inteiro. Que enfrentou vendavais e soube esperar o sol. Que se tornou abrigo, casa, porto.

E se o futuro ainda nos reservar curvas e mudanças, que venham. Porque, onde quer que ela vá, meu sentimento irá junto. Ela é parte do que sou. E o que somos juntos é a mais preciosa resposta que a vida me deu.

Para sempre, com você.

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Desde já obrigado pela atenção e carinho dispensados.

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