quarta-feira, 29 de setembro de 2021

O ESCRITOR

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Posso sobreviver dois meses com um elogio
Mark Twain

                    
                     A vida do século XIX não era fácil para um rapaz londrino. Enquanto seu pai definhava na cadeia por causa de dividas, dores excruciantes de fome corroíam seu estomago. Para alimentar-se, o garoto aceitou um emprego colando rótulos em garrafas de graxa em um lúgubre armazém infestado de ratos. Dormia em um quarto desolador no sótão com dois outros rapazolas, enquanto sonhava secretamente torna-se escritor. Tendo estudado apenas quatro anos, possuía pouca segurança em suas habilidades. A fim de evitar os risos zombeteiros que esperava, escapou furtivamente no meio da noite enviar seu primeiro manuscrito.
                
                  Uma historia depois outra era recusada até que, finalmente, uma foi aceita. Não o pagaram por ela, mas, ainda assim, um editor elogiou seu trabalho.
                
                 O reconhecimento que recebeu através da impressão daquela história mudou sua vida. Se ele não fosse pelo engajamento daquele editor, ele poderia ter passado a vida trabalhando numa fabrica infestada de ratos. 

                 Você pode ter ouvido falar nesse garoto, cujo livros causaram tantas mudanças no tratamento dado às crianças e aos pobres: seu nome era Charles Dickens.

             

               Willy McNamara
                     

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

BEN

         

        Ben nasceu no dia 20 de setembro de 1989. Pouco depois de seu nascimento, soubemos de sua cegueira e surdez. Quando estava com três anos, soubemos também que nunca andaria.

         A partir do segundo dia de vida de Ben, nossa família percorreu um caminho que nunca havíamos imaginado. Centenas e centenas de quilômetros até os melhores médicos e os melhores hospitais. Centenas de agulhas e raios-x, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas. Depois disso vieram as lentes de contato, o aparelho nos dentes, aparelhos auditivos, cadeiras de rodas, andadores e macacões para engatinhar - junto com todos os terapeutas para nos mostrar como usar todas essas coisas. As operações nunca pararam.

         A vida de Ben hoje em dia consiste de seu professor habitual, um professor para pessoas com deficiência visual, um professor para pessoas com deficiência auditiva, um terapeuta ocupacional, um fisioterapeuta, um patologista de fala e linguagem, um pediatra, um neurologista, ortopedista, um oftalmologista pediátrico, um otorrinolaringologista, um fonoaudiólogo, um dentista, um cirurgião dentista e um ortodontista - e ele só tem oito anos de idade.

        Ainda sim, todas as manhãs meu homenzinho acorda com o maior sorriso no rosto, como quem dissesse: "Ei, vocês, estou aqui para mais um dia, e estou tão feliz!"

        Nossa filha nasceu três anos antes de Ben. Lembro-me de seu pai eu olhando para ela durante longos períodos de tempo quando ela tinha cerca de dois anos, esperando que a próxima palavra ou som escapulisse. Sempre que isso acontecia era um momento marcante na história - tópico de orgulhosas conversas com que quer que tivesse a paciência de escutar. Realmente tínhamos uma criança brilhante e notável. Ainda temos. 

        Depois que Ben nasceu, nosso amor por ela mudou nossa visão sobre o que era realmente importante a respeito de nossos filhos. Não tinha mais importância quantas palavras falavam com quantos anos, ou que desenvolvimento fenomenal acontecia antes da previsão feita em qualquer livro sobre bebês. Nossos filhos se tornaram indivíduos, cada um possuindo qualidades maravilhosas, que não devem ser comparadas. Suas vidas não devem ser medidas pela falta de habilidade ou pela habilidade excepcional, mas pela força da perseverança.

        Quando Ben estava com cerca de quatro anos, dirigia com bastante domínio sua cadeira de rodas, mas nunca havia dito uma palavra - apenas sons abertos de vogais. Então nossa família começou a colocar um gravador ligado, na mesa durante o jantar, para gravar os sons que Ben estava fazendo, porque ele demonstrava claramente que queria participar das conversas. Pensamos que, talvez, se ele ouvisse a sua voz gravada e as nossas, isso estimularia algo dentro dele.

        Um dia em setembro de 1993, a fita estava rodando enquanto eu alimentava Ben e fazia alguns sons, tentando estimular algum interesse nele. De repente o tempo parou. Nunca esquecerei a expressão nos olhos de Ben. a concentração em seu rosto, a forma de sua boa, como ele olhava pra mim de sua cadeira de rodas quando falou suas primeiras palavras:

         -  Eu te amo.
         
        Virei-me para meu marido e ele olhou para mim com os olhos cheios d'água e disse:

        - Terry eu ouvi!

        Ben disse aquelas palavras para mim e eu as tenho gravadas para ouvir sempre que precisar. Também fico grata, pois ele não disse outra palavra desde então. 

        Mas,  vocês sabem, eu não ouço a fita com tanta frequência. Não preciso. Sempre irei reconhecer a expressão de seus olhos - mesmo que sejam cegos - quando ele procura meu rosto para me dar um beijo. Isso é tudo que eu preciso.


Terry Boisot.


        

Carta extraída do livro Historias Para Aquecer o Coração.

O ingrediente secreto de Martha.



      Aquilo incomodava Ben cada vez que passava pela cozinha. Era a pequena caixa de metal na prateleira em cima do fogão de Martha. Provavelmente não teria prestado muita atenção ou se incomodado daquela forma se Martha não tivesse repetido tanto para ele nunca pegar nela. O motivo, dizia, era que a caixa continha ” erva secreta ” da sua mãe, uma erva que ela jamais poderia repor, não podendo, portanto, correr o risco de que Ben ou quem quer que fosse a abrisse, derramando acidentalmente seu precioso conteúdo.

A caixa não tinha nada de especial. Era tão velha que a maior parte do vermelho e dourado das suas flores originais havia desbotado.

Não eram só os dedos de Martha que haviam encostado ali, mas também os dedos da sua mãe e da sua avó. Martha não tinha certeza, mas achava que talvez até mesmo sua bisavó tivesse usado a mesma caixa e sua “erva secreta”.

Tudo o que Ben sabia com certeza era que, pouco depois de ter casado, a mãe dela trouxera a caixa para Martha e lhe dissera para usar o conteúdo da mesma forma amorosa com que ela o havia usado.

E ela o usou, fielmente. Ben nunca viu Martha preparar um prato sem tirar a caixa da prateleira e colocar uma pitada da ” erva secreta ” por cima dos ingredientes. Mesmo quando assava bolos, tortas ou biscoitos, ele a via adicionando uma pitadinha imediatamente antes de colocar as formas no forno.

O que quer que houvesse na caixa com certeza funcionava, pois Ben achava que Martha era a melhor cozinheira do mundo. Não era o único a ter essa opinião – qualquer um que comesse em sua casa elogiava efusivamente a comida de Martha.

Mas por que ela não deixava Ben tocar naquela caixinha? Será que realmente tinha medo de ele derramar seu conteúdo? E qual era a aparência da “erva secreta”? Era tão delicada que, todas as vezes que Martha salpicava um pouco em cima da comida, Ben não conseguia descobrir a sua textura. Ela obviamente tinha que usar muito pouco, pois não havia como encher a caixa novamente.

De alguma maneira, Martha tinha conseguido fazer o conteúdo render durante os trinta anos de casamento, até aquela data. Nunca deixava de produzir resultados de dar água na boca.

Ben ficava cada vez mais tentado a olhar apenas uma vez no interior da caixa, mas nunca chegou a fazê-lo.

Até que um dia Martha ficou doente. Ben a levou para o hospital, onde a internaram para passar a noite. De volta em casa, sentiu-se extremamente solitário. Martha nunca tinha passado a noite fora. Quando a hora do jantar foi chegando, pensou no que fazer para comer – Martha gostava tanto de cozinhar que ele nunca havia se preocupado em aprender a cozinhar.

Enquanto perambulava pela cozinha, procurando o que havia na geladeira, viu imediatamente a caixa na prateleira. Ela atraía seus olhos como um imã. Desviou rapidamente o olhar, mas a curiosidade fez com que olhasse de novo.

A curiosidade o importunava.

O que havia na caixa? Por que ele não devia pegar nela? Qual era a aparência da “erva secreta”? Quanto havia sobrado?

Ben afastou o olhar e levantou a tampa de uma grande fôrma de bolo no balcão da cozinha. “Ah, ainda havia mais da metade de um dos maravilhosos bolos de Martha”. Cortou um bom pedaço, sentou-se à mesa da cozinha e não havia dado a segunda mordida quando seus olhos se voltaram mais uma vez para a caixa. Que mal havia em olhar dentro? De qualquer forma, por que Martha mantinha tanto segredo?

Ben deu outra mordida e debateu consigo mesmo – deveria ou não? Durante mais cinco longas mordidas ele pensou no que fazer olhando fixo para a caixa. Afinal, não conseguiu mais resistir.

Atravessou lentamente o aposento e tirou a caixa da prateleira com todo cuidado – temendo, horror dos horrores, derramar o conteúdo enquanto dava uma olhadela.

Colocou a caixa no balcão e tirou cuidadosamente a tampa.

Estava quase com medo de olhar lá dentro! Quando viu o interior da caixa, os olhos de Ben se arregalaram – a caixa estava vazia, a não ser por um pedacinho de papel dobrado no fundo.

Ben tentou pegar o papel, sua mão grande e áspera lutando para entrar. Pegou-o pelo canto, tirou-o e desdobrou-o cuidadosamente sob a luz da cozinha.

Um bilhete curto estava rabiscado e Ben imediatamente reconheceu a letra como sendo a da mãe de Martha. De maneira simples, dizia: ” Martha, em tudo o que fizer, acrescente uma pitada de amor”.

Ben engoliu em seco, recolocou o bilhete e a caixa no lugar e voltou silenciosamente para terminar o bolo. Agora entendia, realmente, por que tinha um gosto tão bom.

Em todos os momentos de sua vida, em tudo o que você fizer “ACRESCENTE UMA PITADA DE AMOR”


Carta entregue por Dot Abraham para Revista Reminisce








Do livro Histórias para aquecer o coração. Autores: Jack Canfield - Mark Victor Hansen e Heatherr McNamara.









Uma Fé Extraordinária - John Harper

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