Uma linda e completa resenha do filme Don Juan de Marco de Jeremy Leven, escrita e enviada ao site Recanto das Letras por Cinthya Danielle dos Reis Leal, uma visão psicanalítica. Vale a pena assistir esse filme.
Toda a vida ilusória de Jonhy foi criada em cima de seus momentos difíceis. Como na paranóia delirante, Jonhy projetou em delírios as idéias que por alguma razão eram insuportáveis para sua mente. O estado de angustia grave frequentemente desenvolve o sistema delirante. Com o sistema delirante formado o paciente não mais sofre por estar confuso e angustiado.
As fantasias, os delírios são uma forma de Jonhy conviver com a realidade. Em verdade o delírio não é a doença, é o produto dela.
“Freud defende a tese – ainda válida – de que o delírio não é a doença em si, mas representa uma tentativa de recuperação. A catástrofe principal é a perda e a fragmentação de um contato com o mundo que faça sentido. O sistema delirante representa uma tentativa de reconstruir um mundo de sentidos. Dá a expressão à catástrofe interna e também é a tentativa de se recuperar dela, por mais limitados que sejam os recursos.”
Talvez para Johny aceitar o fato de que sua mãe cometera adultério fosse algo por demais insuportável para sua mente. Dessa forma, percebemos que a fantasia de Johny gira em torno de proteger a imagem de sua mãe. Ele diz, em seus delírios, que o pai morrera ao duelar com o homem que, por vingança, espalhara a infâmia de que mantinha um caso com Doña Inês. Don Juan se coloca como o culpado na história. Traz para si a culpa da morte do pai, visto que o assassino só espalhara essa mentira como vingança por Don Juan ter mantido um caso com Doña Julia, sua esposa. Por fim, ainda em seu delírio, Don Juan vinga o pai e sua mãe segue para um convento, como já fora citado anteriormente. A mãe como freira, como uma seguidora de Deus. Mais uma vez, a mãe protegida, sagrada.
Jonhy, ou Don Juan De Marco, é um rapaz inseguro, fragilizado pelos fatos ocorridos em sua vida, pela desestruturação de sua família, pela morte do pai, pelo adultério da mãe e por ter se encontrado, de repente, sozinho no mundo.
A transferência de Don Juan para com seu psiquiatra foi completa e os laços de amor e amizade que se formaram ficam nítidos desde o início do filme. Jonhy confiou completamente em seu terapeuta e encontrou nele o pai, o amigo, o confidente.
Don Juan de Marco é sem dúvida um filme necessário ao estudante e/ou profissional de Psicanálise e toda outra ciência que trabalhe a mente e o comportamento humano.
Além de uma bela fábula, o filme em questão é um rico material de pesquisa para estes profissionais.
BIBLIOGRAFIA
Paranóia / David Bell; tradução Carlos Rosa – Rio de Janeiro : Relume Dumará : Ediouro : Segmento-Duetto, 2005
(Conceitos da Psicanálise ; v.6)
Cinthya Danielle dos Reis Leal
As fantasias, os delírios são uma forma de Jonhy conviver com a realidade. Em verdade o delírio não é a doença, é o produto dela.
“Freud defende a tese – ainda válida – de que o delírio não é a doença em si, mas representa uma tentativa de recuperação. A catástrofe principal é a perda e a fragmentação de um contato com o mundo que faça sentido. O sistema delirante representa uma tentativa de reconstruir um mundo de sentidos. Dá a expressão à catástrofe interna e também é a tentativa de se recuperar dela, por mais limitados que sejam os recursos.”
Talvez para Johny aceitar o fato de que sua mãe cometera adultério fosse algo por demais insuportável para sua mente. Dessa forma, percebemos que a fantasia de Johny gira em torno de proteger a imagem de sua mãe. Ele diz, em seus delírios, que o pai morrera ao duelar com o homem que, por vingança, espalhara a infâmia de que mantinha um caso com Doña Inês. Don Juan se coloca como o culpado na história. Traz para si a culpa da morte do pai, visto que o assassino só espalhara essa mentira como vingança por Don Juan ter mantido um caso com Doña Julia, sua esposa. Por fim, ainda em seu delírio, Don Juan vinga o pai e sua mãe segue para um convento, como já fora citado anteriormente. A mãe como freira, como uma seguidora de Deus. Mais uma vez, a mãe protegida, sagrada.
Jonhy, ou Don Juan De Marco, é um rapaz inseguro, fragilizado pelos fatos ocorridos em sua vida, pela desestruturação de sua família, pela morte do pai, pelo adultério da mãe e por ter se encontrado, de repente, sozinho no mundo.
A transferência de Don Juan para com seu psiquiatra foi completa e os laços de amor e amizade que se formaram ficam nítidos desde o início do filme. Jonhy confiou completamente em seu terapeuta e encontrou nele o pai, o amigo, o confidente.
Don Juan de Marco é sem dúvida um filme necessário ao estudante e/ou profissional de Psicanálise e toda outra ciência que trabalhe a mente e o comportamento humano.
Além de uma bela fábula, o filme em questão é um rico material de pesquisa para estes profissionais.
BIBLIOGRAFIA
Paranóia / David Bell; tradução Carlos Rosa – Rio de Janeiro : Relume Dumará : Ediouro : Segmento-Duetto, 2005
(Conceitos da Psicanálise ; v.6)
Cinthya Danielle dos Reis Leal