Se tem uma coisa que me dá prazer é surfar de peito. Coincidentemente neste último domingo o mar estava ideal e aproveitei. Fui a praia, em frente a rua Figueiredo Magalhães, em Copacabana. A água estava por volta de 20º c de temperatura. Já tinha alguns anos que não fazia isso! Foi uma delícia, vou repetir neste domingo novamente.
Mas o que gostaria de deixar para os visitantes e amigos é uma sugestão de livro: "Fôlego" de Tim Winton (tradução de Juliana Lemos; Argumento; 256 páginas; 32 reais).Tim, de 48 anos, autor de mais de uma dezena de livros que vão da literatura infanto-juvenil ao ensaio, é completamente desconhecido no Brasil. Seu primeiro livro aqui, surpreende pela combinação da aparente leveza do tema – adolescentes fascinados pela descoberta do surfe – com um duro e impiedoso olhar sobre os ritos de passagem para a vida adulta.
Uma amigona, dos primórdios mesmo, a mesma pessoa que na adolescência me emprestou "O Apanhador no Campo de Centeio" de J.D. Salinger. Aparente ela me sugeriu pela semelhança de argumentos, mas tem pouco haver um com o outro, eu acho! Talvez pelo pragmatismo ou pelo olhar crítico dessa grande fase que é a transição para a idade adulta. Mas valeu a dica!! O livro é ótimo!! Tão bom que vale a sugestão aos amigos que passam por aqui.Li num fôlego, num piscar.Quem passa mais de 3 horas por dia dentro de ônibus vai entender porque se lê tão rápido um livro de 236 pags.
Ambientado na Austrália dos anos 1970, e tendo como pano de fundo a virada de costumes e valores que marcou a época, Fôlego conta a história de Bruce Pikelet, filho único de um casal pacato. O menino tem uma habilidade especial com a água, sempre testando os limites da resistência sem respirar, e se torna amigo do encrenqueiro Loonie, um ano mais velho, com quem vive uma relação de admiração e de secreta competição. É uma dupla clássica dos romances de formação: amigos de temperamentos opostos que se complementam, e Tim Winton os retrata com uma maravilhosa sutileza, dizendo mais pelo que omite do que pelo que conta. Entramos no coração do romance quando ambos conhecem um ex-surfista profissional, Sando, que vive com a companheira, Eva, numa casa isolada, com um cachorro, uma velha Kombi, cheiro de maconha e pranchas de surfe – é um cromo perfeito do ideário alternativo de um tempo que passou.
A relação de Sando com o surfe é carregada de uma mística secreta. Ele procura os locais mais inóspitos e perigosos para iniciar seus discípulos – porque ele vai se tornando uma espécie de guru – num perigoso teste dos limites humanos. Tematicamente, o culto da vida natural que transparece em vários momentos se aproxima mais da literatura de Ernest Hemingway, até pela linguagem enxuta, do que de um eventual sopro oriental que foi a marca dos anos 70. Detalhe fundamental, toda a perspectiva do romance se faz pelo enquadramento do olhar adulto: o narrador relembra fatos de quarenta anos antes. Ficamos sabendo pouco desse homem maduro, mas o pouco que ele nos diz em sua bela narrativa é suficiente para sentir o peso e o abalo de um inesquecível rito de passagem, como se ele mesmo ainda lutasse para compreender o sentido do que viveu.
Ah! Não sabia que vc surfava...ou estou ficando caduca, não sei...só sei que eu colecionava revistas de surf nos anos 80...bons tempos! Tenho uma relação de amor com o mar e talvez seja por isso que tb goste de surf! Queria ver foto sua surfando..
ResponderExcluirBjs
Obrig. p/ cometário.
ResponderExcluirUma faceta minha que vc ñ conhecia?
Desde criança surfo de peito, tal qual a foto do post, aprendi em Fortaleza (praia do mucuripe- a praia da música do Fagner e Belchior). Tirar fotos teria que ser de dentro d´água e minha fotografa nº.1 não conseguirá.
Bjs.