Marcelo Freixo, 40 anos, é niteroiense e professor de História. Antes de se eleger deputado estadual foi pesquisador da ONG Justiça Global e consultor do deputado federal Chico Alencar na área de Direitos Humanos. De 1993 a 1995, foi diretor do Sindicato dos Professores (SINPRO) de São Gonçalo e Niterói. Em quase 20 anos de trajetória, coordenou inúmeros projetos educativos no sistema penitenciário, presidiu o Conselho da Comunidade da Comarca do Rio de Janeiro e destacou-se como coordenador da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ. Sempre junto aos movimentos sociais, Marcelo Freixo participou de importantes vitórias na luta pelos Direitos Humanos, como no caso do fechamento da Polinter e da campanha contra o "Caveirão", em parceria com a Anistia Internacional.
Participou como voluntário no projeto de prevenção ao HIV - AIDS nas prisões do estado durante os anos de 1995 e 1996. Foi coordenador e professor do projeto de educação popular no presídio Edgar Costa. De 2001 a 2004, presidiu o Conselho da Comunidade da Comarca do Rio de Janeiro, que tem a função legal de fiscalizar as penitenciárias. Nestas gestões, legitimadas pelo voto direto, o conselho se transformou numa importante fonte de denúncias contra as arbitrariedades do governo do Rio de Janeiro.
A parceria permanente com organizações como a Defensoria Pública, o Grupo Tortura Nunca Mais, CRESS (Conselho Regional de Serviço Social), CRP (Conselho Regional de Psicologia), Laboratório de Análise e Violência da UERJ, diversas ONG`S de Diretos Humanos e Pastorais fez com que o Conselho da Comunidade se transformasse numa referência nacional e internacional de atuação fiscalizadora dentro dos cárceres. Marcelo coordenou a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj no período em que Chico Alencar a presidiu. De 1999 a 2002, Marcelo e Chico tiveram atuação destacada na defesa dos Direitos Humanos. A Comissão elaborou cartilhas, fiscalizou as ações do governo, trabalhou em rede com a sociedade civil organizada e denunciou violações contra mulheres, negros, homossexuais, idosos, presos e todos os segmentos historicamente discriminados. Também sempre esteve junto do MST na luta pela Reforma Agrária e contra o trabalho escravo no interior do Rio de Janeiro.
Desde 2003, Freixo é pesquisador da Justiça Global. A parceria com organizações como Anistia Internacional, Associação Pela Reforma Prisional e Rede de Movimentos Contra a Violência produziu importantes vitórias. O fechamento da Polinter, as denúncias aos fóruns internacionais, a elaboração dos relatórios e as campanhas em parceria com outras organizações são alguns exemplos.
Marcelo Freixo, filiado ao PT de 1986 a 2005, sempre se posicionou junto ao campo de esquerda e contra a aproximação do partido de setores populistas e liberais. Em setembro de 2005, se filiou ao PSOL por acreditar que esta nova ferramenta ajudará na recomposição, necessária, dos socialistas. Foi eleito Deputado Estadual do PSOL-RJ nas últimas eleições. Com 13.547 votos foi o candidato mais votado pelo partido no Rio de Janeiro. Foi a vitória de uma campanha política, democrática, pedagógica, com claro corte socialista. Durante toda a campanha Marcelo fortaleceu a luta pelos direitos humanos e contribuiu, nas ruas e com sua postura coerente, para o fortalecimento do PSOL.
As sete ameaças de execução por parte de milicianos registradas pelo Disque Denúncia e pelo serviço de inteligência da Polícia Militar do Rio no último mês fizeram o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) aceitar um convite da Anistia Internacional para deixar o País. O parlamentar, que presidiu a CPI das Milícias em 2008, embarca amanhã para a Europa com a família. Pré-candidato do PSOL à Prefeitura do Rio nas eleições do ano que vem, Freixo disse que pretende manter seu nome na disputa apesar das ameaças. O deputado deve permanecer fora do Brasil até o fim de novembro.
Freixo se queixou que não recebeu nenhum retorno da Secretaria de Segurança do Rio sobre as últimas ameaças registradas contra ele. O deputado e sua família já vivem sob escolta policial. Mas, segundo ele, o efetivo é insuficiente. Desde que concluiu os trabalhos da CPI, que indiciou 225 pessoas, entre políticos e policiais, foram registradas 27 denúncias de planos elaborados por milicianos para executá-lo. O assassinato em agosto da juíza Patricia Acioli, que também atuava contra paramilitares, fez o número de ameaças disparar.
"São criminosos violentos. Já torturaram jornalistas, já mataram uma juíza e ameaçam parlamentar. É possível que façam alguma coisa. Não posso arriscar", disse Freixo. Sua saída do País também tem o objetivo de divulgar o crescimento do poderio das milícias. Apesar do número elevado de prisões de milicianos, o deputado afirma que nada foi feito contra o poderio econômico dos grupos paramilitares, que continuam a controlar o transporte alternativo, a venda ilegal de gás e de sinal de TV a cabo e a cobrar por proteção.
Para ele, as ameaças não são um problema pessoal dele, mas um ataque ao estado democrático de direito. "O Brasil não precisa de herói. Eu não nasci para ser herói. O que eu faço é exercer a minha função pública", disse Freixo. Todas as denúncias de ameaças contra o deputado apontam para o grupo Liga da Justiça, que atua na zona oeste da cidade. Os planos incluiriam a participação de policiais lotados em áreas ocupadas pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), pagamento de R$ 400 mil ao pistoleiro e até aliança com traficantes.
Fontes: Diário do grande ABC
Site da Alerj
Fontes: Diário do grande ABC
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