Cena do filme "A Experiência - 2001 - Alemanha. |
Este é o experimento mais intrigante de todos os que envolvem o estudo do comportamento humano. Em 1971, Philip Zimbardo, ex-Presidente da American Psychological Association e até hoje professor daUniversidade de Stanford, decidiu fazer um teste no mínimo curioso: transformar o Departamento de Psicologia numa prisão simulada. O objetivo era avaliar como pessoas consideradas normais reagiriam quando fossem sujeitadas a uma mudança radical nos papéis normais de suas vidas. Veja o filme de 2001completo no final do post.
Voluntários apresentaram-se após responderem a um anúncio no jornal. Uma série de avaliações foram feitas, de modo a possibilitar a escolha de pessoas que estivessem com boa saúde e que fossem estáveis mentalmente. Todos eram estudantes universitários, do sexo masculino, e foram divididos arbitrariamente em 12 guardas e 12 prisioneiros. Zimbardo decidiu que faria parte também e elegeu-se o Superintendente da Prisão. O experimento duraria duas semanas.
Para tornar a situação real, os “prisioneiros” foram presos pelos “guardas” em carros com sirene. Tiveram suas digitais recolhidas, os olhos vendados e foram colocados em uma cela. Tiraram suas roupas, foram sanitizados com vermífugo, tiveram os cabelos cortados, ganharam uniforme e um número e tinham uma corrente prendendo seus pés. O guardas usavam uniformes e cassetetes. Tudo pronto para o início do experimento.
Bastaram dois dias para os prisioneiros começarem uma rebelião contra o seu encarceramento. A camas foram colocadas contras as portas e o guardas insultados. Estes, então, acharam que era um bom momento para usarem os extintores de incêndio contra os rebelados. Se não bastasse, deixaram os prisioneiros nús e tiram suas camas, de modo que os obrigaram a dormir no chão.
A partir daí, o inferno imperou. As ofensas não pararam mais. O uso do banheiro foi restringido pelos guardas, que obrigavam os prisioneiros a limpá-los com as próprias mãos. Os detentos eram obrigados a fazerem exercícios humilhantes. Até mesmo Zimbardo, condutor do experimento, ficou tomado pelo papel de Superintendente, transformando-se numa rígida figura institucional. Para ele, a preocupação maior ela a segurança da prisão e o bem estar dos participantes foi relegado a segundo plano.
Com apenas seis dias, o experimento foi interrompido por Zimbardo, com diversos guardas não concordando com o fim. Os prisioneiros estavam psicologicamente exaustos. Era melhor parar agora antes que algo mais grave acontecesse.
“E o que isso tudo tem haver comigo?”
Sabe aqueles casos que vemos na televisão, de guardas mal-tratando inocentes ou de torturas maldosas? Pois é, é muito provável que você também agisse da mesma maneira que os inquisidores.
Psicólogos que estudaram mais sobre este assunto mostraram que o que impede de torturarmos fisicamente as pessoas à nossa volta é o medo da repercussão. O experimento da Prisão de Stanford mostrou que é só dar um poder absoluto sobre alguém que a pessoa começa a tomá-la como posse e a tratá-la como um objeto.
Este sentimento de posse gera apego e provavelmente fez com que o homem fizesse tantas guerras, até mesmo em nome da religião. Talvez aí resida um das causas de tratarmos o nosso planeta com tanto descaso, subjugando as demais espécies e poluindo-o incessantemente. Parece que realmente nascemos com alguns parafusos a menos e que teremos uma longa jornada até alcançarmos um estágio mais evoluído.
Enquanto isso, fique atento à si mesmo, pois o próximo caso de violência gratuita pode ser protagonizado por você.
Zimbardo, P. G. (1972). The Stanford Prison Experiment a Simulation Study of the Psychology of Imprisonment. Philip G. Zimbardo, Inc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Desde já obrigado pela atenção e carinho dispensados.