terça-feira, 19 de junho de 2012

Felicidade Interna Bruta (FIB)

A FGV foi longe buscar um índice interessante desse país. País rico é país feliz? Antes de esboçar alguma resposta, é preciso definir como se calcula a riqueza de uma nação. O Produto Interno Bruto (PIB), que abrange a produção de bens e serviços, foi idealizado nos anos 1930 por Simon Kuznets, um russo naturalizado americano que ganhou o Prêmio Nobel de Economia pela metodologia criada. O índice teve muita utilidade no período pós-guerra, quando a economia de vários países estava dilacerada e o processo de recuperação precisava ser mensurado. Por esse critério, os Estados Unidos ainda são a maior economia do planeta. No entanto, alguns especialistas começam a questionar o indicador, pois um PIB musculoso nem sempre significa um elevado padrão de qualidade de vida para as pessoas. Fato é o exemplo de um pequeno país chamado Butão.


Crianças do Butãopequeno reino criou o índice da Felicidade Interna Bruta nos anos 1970.
Agora o FIB será replicado no Brasil para checar se a qualidade de vida acompanha a evolução de renda.
FOTO:ISTO É

Butão é um pequeníssimo reinado hereditário nas encostas do Himalaia, espremido entre a China, a Índia e o Tibet. Não tem mais que dois milhões de habitantes, a maior cidade é a capital Timfú com cerca de cinqüenta mil moradores. Dentro de poucos anos está ameaçado de quase desaparecer caso os lagos do Himalaia que estão se enchendo pelo degelo transvasarem avassaladoramente. Governado por um rei e um monge que possui quase a autoridade real, é considerado um dos menores e menos desenvolvidos países do mundo. Contudo, é uma sociedade extremamente integrada, patriarcal e matriarcal simultaneamente, sendo que o membro mais influente se transforma em chefe de família.


Esse país possui algo único no mundo e que todas as nações deveriam imitar: o “índice de felicidade interna bruta”. Para o rei e o monge governante, o que conta em primeiro lugar não é o Produto Interno Bruto, medido por todas as riquezas materiais e serviços que um país ostenta, mas a Felicidade Interna Bruta, resultado das políticas públicas, da boa governança, da equitativa distribuição da renda que resulta dos excedentes da agricultura de subsistência, da criação de animais, da extração vegetal e da venda de energia à Índia, da ausência de corrupção, da garantia geral de uma educação e saúde de qualidade, com estradas transitáveis nos vales férteis e nas altas montanhas, mas especialmente fruto das relações sociais de cooperação e de paz entre todos. A economia, que no mundo globalizado é o bezerro de ouro, comparece como um dos itens no conjunto dos fatores a serem considerados.

Por detrás desse projeto político funciona uma imagem multidimensional do ser humano. Supõe o ser humano como um nó de relações orientado em todas as direções, que possui sim fome de pão, como todos os seres vivos, mas principalmente é movido pela fome de comunicação, de convivência e de paz, que não podem ser compradas no mercado ou na bolsa. A função de um governo é atender à vida da população na multiplicidade de suas dimensões.

O seu fruto é a paz. Na compreensão que a Carta da Terra elaborou da paz, esta “é a plenitude que resulta das relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, com outras culturas, com outras vidas, com a Terra e com o todo maior do qual somos parte”.

A felicidade e a paz não são construídas pela riquezas materiais e pelas parafernálias que nossa civilização materialista e pobre nos apresenta. No ser humano ela vê apenas o produtor e o consumidor. O resto não lhe interessa. Por isso temos tantos ricos desesperados, jovens de famílias abastadas se suicidando por não verem mais sentido na superabundância. A lei do sistema dominante é: quem não tem, quer ter; quem tem, quer ter mais; quem tem mais diz que nunca é suficiente. Esquecemos que o que nos traz felicidade é o relacionamento humano, a amizade, o amor, a generosidade, a compaixão e o respeito, realidades que valem mas não têm preço.

Butão nos dá um belo exemplo desta possibilidade. Sábia é a observação “Aquele homem é tão pobre, mas tão pobre, que tem apenas dinheiro. E era notoriamente infeliz”

O FIB deve medir a satisfação da população a partir de nove itens, como educação, padrão de vida e uso do tempo no dia a dia. A FGV pretende adaptar alguns itens à realidade nacional, sem deixar de incluir o próprio PIB e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no cálculo. O novo índice pode ajudar o governo a planejar e executar as políticas públicas que proporcionem bem-estar à população. No Butão, o assunto é tão levado a sério que o governo tem até o Ministério da Felicidade para monitorar o assunto. Será que a moda pega por aqui?

Qualquer semelhança com Sangri-La é mera coincidência!

Fonte: Revista Beija Flor
          Revista ISTO É
          Fotos PANORAMIO CONTEST
Querendo aprofunda-se consulte:http://www.felicidadeinternabruta.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Desde já obrigado pela atenção e carinho dispensados.

Uma Fé Extraordinária - John Harper

                                                              John Harper, a esposa e filha - Google Fotos. No livro “The Titanic's Last...