sábado, 23 de junho de 2012

Pena de morte ou hipocrisia asiática?



Marco Archer Cardoso Moreira será fuzilado após
sentença por tráfico internacional de drogas na Indonésia. Foto: AFP  
Como um amante da educação não concordo com a pena de morte. As leis devem sempre ter um papel educacional e regulador. A pena de morte não educa em nada. Pode até inibir o delito, causando medo, mas não educa. Para os que ficarem vivos permanecerá o medo somente. Devemos fazer o que é certo porque é certo, porque entendemos e aceitamos o certo.

O medo é arma do mal, é ferramenta que desestabiliza, encolhe, restringe. A morte sempre diminui a humanidade. Não deve ser usada nunca, para nada.Leis que utilizam o medo como ferramenta não pegam!

Veja essa reportagem da revista Época e tirem suas conclusões:

"Instrutor de asa-delta no Rio de Janeiro, Marco Archer Cardoso Moreira foi preso em 2003 ao tentar entrar com 13,4 quilos de cocaína no aeroporto de Jacarta, ainda hoje uma das maiores apreensões de droga no país.

Marco não é casado nem tem filhos. A sua mãe morreu em 2010 e ele tem duas tias. Uma delas, que está mais envolvida com o caso, ficou bastante abalada. A embaixada da Indonésia ficou de enviar um pedido de desculpas a ela.

A pena de morte para tráfico de drogas foi instituída no país em 1997, a exemplo do que ocorre em outros países do Sudeste Asiático, como Tailândia, Malásia, Cingapura e Filipinas.

O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, que está no Brasil participando da Rio+20, recusou o último pedido de clemência feito em 2008. Foi a segunda recusa: a primeira ocorrera em 2006. Não há mais possibilidade de recursos na Justiça. O Itamaraty informou que está ciente da situação e que está adotando medidas sobre o caso. A Indonésia mantém cerca de 30 estrangeiros, entre eles outro brasileiro, no corredor da morte -a maioria por tráfico.

Marco Archer Cardoso Moreira, 50, será o primeiro brasileiro executado em outro país e o primeiro ocidental a ser morto a mando do governo da Indonésia. Marco foi condenado à morte por tráfico internacional de drogas em 2004 e o procurador Andi Konggoasa confirmou a execução para julho desse ano.

Os outros dois estrangeiros com execução confirmada são o maluiano Namaona Dennis e o paquistanês Muhammad Abdul Hafeez, presos por tráfico de heroína em 2001. Segundo governo da Indonésia, os três prisioneiros fizeram seus pedidos finais. Marco escolheu uma garrafa do uísque Chivas Label, e os outros dois pediram um encontro com a família.

O país mantém no corredor da morte cerca de 30 estrangeiros – entre eles, mais um brasileiro, o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, preso também por tráfico de drogas, mas ainda sem morte anunciada. A última execução na Indonésia ocorreu em 2008."
Alguém aprenderá alguma coisa com essa decisão? Não, apenas o medo e a dor permanecerá. O sofrimento dos familiares, a angustia do condenado, afogando seu desespero em uísque. O número de estrangeiros com drogas diminuirá na Indonésia? Talvez, mas só por algum tempo, logo aumentará. Alguém aprendeu alguma coisa? Não.


Atualizando...em 17/02/2013

Até o momento não temos noticias de execução de prisioneiros ocidentais na Indonésia, o que faz o governo brasileiro ter esperança de reverter o caso. Há cerca de 70 presos por tráfico condenados à morte no país, das mais diferentes procedências. Pressões da Austrália e de países europeus acabaram detonando um movimento nacionalista no país, que acusa a “interferência estrangeira” e que potências querem “influenciar o Poder Judiciário” do país.
Dilma tinha uma viagem marca pra Indonésia em janeiro deste ano, onde já esteve em 2009, como ministra da Casa Civil acompanhando o ex-presidente Lula. Dilma espera uma resposta das cartas que entregou aquele governo, em setembro passado, na correferência da ONU.

Atualizando em 19/01/2014.

No ultimo dia 17/01/2014 o Brasil teve seu primeiro caso de um prisioneiro executado por fuzilamento. Confira a materia do portal Terra.:

O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, - executado no último sábado na Indonésia por tráfico de drogas - morreu com um único tiro no peito, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Conforme manda a lei da Indonésia, Archer foi amarrado a uma estaca e executado por volta de 0h30, no horário local. Ele foi o segundo dos cinco condenados a morrer.

O brasileiro foi morto em uma área descampada do complexo de prisões de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 km da capital Jacarta. Ainda foram mortos um holandês, um nigeriano, uma indonésia e um cidadão do Maláui. Em outra prisão, uma vietnamita foi fuzilada.

Dez minutos após o disparo, Marco foi declarado morto, segundo informou à Folha Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria-Geral, órgão responsável por levar adiante as execuções na Indonésia. Ana Carmen Caldas, funcionária do Itamaraty, estava na ilha de Nusakambangan, mas não presenciou a execução. Ela declarou ter ouvido um “estrondo” e mais tarde reconhecido o corpo de Marco.

Familiares de Marco providenciaram a cremação e o envio das cinzas para o Brasil. Segundo a tia materna do brasileiro, a advogada Maria de Lourdes Archer, Marco estava “sereno”. Ela foi a última a estar com ele antes da execução e relatou como foi o encontro. "Ele me abraçava e chorava. O que me conforta foi que cheguei (à Indonésia) a tempo de vê-lo", disse.

Há quem garanta que a pena de morte na Indonésia é apenas para Inglês ver. É apenas uma forma de mostrar soberania ao ocidente. Dentro dos presídios as drogas circulam livremente, como em qualquer outro prédio no mundo. Confira aqui o que afirma um ex-detento na Indonésia.

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