segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Morte do Partido dos Trabalhadores?


“O fim justifica os meios? Essa doutrina contraditória, psicologicamente inconcebível, foi malignamente atribuída aos jesuítas pelos seus adversários protestantes – e às vezes católicos – que, por sua vez, pouco se preocupavam com escrúpulos na escolha dos meios para atingir seus próprios"fins" (...) Por sua vez, os jesuítas, rivalizando com os protestantes, adaptaram-se cada vez mais ao espírito da sociedade burguesa e dos três votos – pobreza, castidade e obediência – conservaram apenas o último, ainda assim de forma bastante atenuada. Do ponto de vista do ideal cristão, a moral dos jesuítas caiu tanto mais baixo quanto mais eles cessaram de ser jesuítas. De guerrilheiros da Igreja passaram a ser burocratas e, como todos os burocratas, uns pilantras de primeira.".(Leon Trotsky)*
Reler os clássicos quando estamos diante de acontecimentos que sugerem mudanças de dimensões históricas é uma das tradições da esquerda que se perdeu, mas que devemos recuperar. A epígrafe de Trotsky remete a dois dos temas candentes da conjuntura brasileira: a relação entre os fins e os meios para uma estratégia socialista, e os processos de adaptação social e deformação política de organizações que se transformam no contrário do que pretendiam ser quando constituídas.
Trotsky admite que a Companhia de Jesus nasceu como uma resposta medieval à Reforma Protestante, portanto, historicamente, reacionária,  porém, com o tempo, se adaptou às pressões sociais do capitalismo. Os jesuítas, até para permanecer no Vaticano, deixaram de ser jesuítas. O processo de evolução histórica do PT chegou, também, a uma encruzilhada: para se credenciar como um partido eleitoral resignado aos estreitos limites do regime democrático-liberal no Brasil, ao longo dos vinte anos que nos separam do fim do regime militar, o PT precisou deixar de ser petista. Renegar a sua origem foi um processo de readequação política, mas, também, de transformismo social, uma ruptura com as bases sociais de sua constituição apoiado na CUT e no MST.
São dois, também, os argumentos deste artigo. O primeiro é a constatação inescapável, mas que encontra previsíveis resistências, de que a crise do PT é terminal. O segundo é a defesa da luta contra a corrupção como uma bandeira democrática incontornável do programa da revolução brasileira, tema polêmico, portanto, vital, para a reorganização sindical e política em curso, com o colapso da CUT e do PT. Estas duas premissas se articulam para defender que a esquerda anti-capitalista não pode hesitar diante da luta para derrubar o governo Lula, convocando para manifestações nas ruas, onde os setores de massas em ruptura com o PT poderão, como cunhou Lênin, marchar “votando com os pés”.
Estamos diante de uma nova etapa histórica. Afinal, já foram dez os presidentes eleitos e derrubados na América Latina – por mobilizações de massas operárias e populares, não por golpes militares pró-americanos, como na seqüência da revolução cubana - depois do fim dos anos oitenta, expressando a fragilidade da democracia-liberal no continente. Não sabemos se os novos ventos dos Andes já desceram a cordilheira. O desafio, no entanto, está colocado: construir uma oposição de esquerda que ofereça uma saída para a crise do PT, da CUT e da UNE, para vencer a confusão e a prostração, que são a ante-sala do grande perigo da desmoralização. O que nos devolverá à discussão sobre os fins e os meios.
Capitalismo e corrupção
Recordemos, para começo de conversa, o que a história e o marxismo nos deixaram como fundamentos “graníticos” sobre a corrupção. Nunca existiu capitalismo sem corrupção. Capital e Estado estiveram sempre unidos através das mais variadas cumplicidades. Desde o alvorecer das pioneiras Repúblicas italianas, quando a Europa recuperou ao Islã o controle das lucrativas rotas comerciais do Mediterrâneo, passando pela conquista da América pelas Coroas ibéricas, sem esquecer os quase cento e cinqüenta anos de disputa entre Londres e Paris pela supremacia no mercado mundial: a corrupção estava lá, em todos os portos, em todos tribunais, em todas as Cortes, em todas as línguas. A corrupção nunca foi privilégio dos latinos, nem dos chineses, nem dos árabes. Desde o século XIX falou, sobretudo, o latim moderno, o inglês.  Comprando favores, deslocando concorrentes, driblando as leis, subornando autoridades, obtendo cargos. A força do dinheiro abrindo as gavetas do poder, e o domínio do Estado favorecendo os cofres da riqueza.
Quando argumentamos que capitalismo e corrupção sempre caminharam de mãos dadas, muitos nos perguntam se a corrupção não seria inevitável em qualquer sociedade, porque, afinal, ninguém ignora que tanto na URSS, quanto na China, as burocracias estatais se regozijavam em privilégios driblando as suas próprias leis.  A corrupção não seria expressão das incoerências sombrias da natureza humana? Os socialistas defendem que não existe fatalismo na condição humana que nos condene a corrupção. Assim como existiram sociedades que desconheceram a exploração do homem pelo homem, ignoraram a corrupção. A corrupção é uma doença econômico-social, e se explica em função de circunstâncias históricas.
A percepção de que, no Brasil, a apropriação privada do Estado pelo mundo dos negócios teve sempre na sua raiz a impressionante desigualdade econômica e social, é chave para mantermos o sentido das proporções diante do colapso do PT. Ao se transformar, a partir de 1988, em um partido que se credenciava para a gestão do Estado sem ameaçar o capitalismo, o PT selou o seu destino. Um programa de adaptação política a um capitalismo que não cresce, em uma sociedade em que a desigualdade não deixa de aumentar, e na qual a mobilidade social vem diminuindo há um quarto de século, ou seja, um reformismo sem reformas, não poderia evitar a degeneração metodológica e ética. Ensina a sabedoria oriental que o peixe morre pela boca. Já o Padre Antonio Vieira dizia que o peixe apodrece pela cabeça. O marxismo alerta que a cabeça não é imune à pressão do chão que os pés pisam.
O PT escolheu um caminho de social democratização que já tinha sido trilhado na América Latina por muitos outros, até por organizações que encabeçaram revoluções democráticas, como os sandinistas. Se, mesmo os partidos que se formaram na severidade das condições da luta armada contra ditaduras – como a FSLN, os Tupamaros ou a Farabundo Marti – quando aceitaram se transformar em partidos eleitorais, se descobriram vulneráveis diante da pressão política e social da democracia liberal, parece inescapável que o PT, que já nasceu como um partido eleitoral, seria presa fácil da corrupção endêmica do Estado brasileiro. Era, no fundo, só uma questão de tempo, para que o PT evoluísse do financiamento legal dos monopólios – em prática desde 1994 - para um sistema de caixa dois – a exemplo dos partidos tradicionais - e, depois, para a transferência de recursos arrecadados para os partidos aliados, o sistema de mensalão para assegurar maioria no Congresso, culminando com o enriquecimento ilícito dos seus burocratas.
O domínio do Capital sempre foi a associação legal e ou ilegal, portanto, sempre ilegítima e imoral, da riqueza com o poder. Todos os partidos comprometidos com o regime democrático-eleitoral e, por isso, financiados pelo capital, foram aliciados, em todos os tempos e lugares, pela força do dinheiro. Nos últimos cem anos, à escala mundial, a imensa maioria dos instrumentos da representação política dos trabalhadores, no centro ou na periferia, quando se consolidaram regimes democráticos, foram absorvidos pela pressão do eleitoralismo. A social democracia européia antes da I guerra, ou os partidos eurocomunistas depois dos anos 60, muito antes do PT, confirmaram que é difícil, politicamente, e complexa, social e organizativamente, a construção de reservas ou filtros de imunidade diante da pressão de forças sociais hostis. Degeneraram, absorvendo além dos métodos do eleitoralismo, os seus vícios. Seus dirigentes, fossem do SPD na Alemanha e do Labour na Inglaterra, ou do PCF na França e do PCI italiano, experimentaram, primeiro nos parlamentos, depois com o ministerialismo, um processo de ascensão econômica e acomodação social irrecuperável.
Adaptação política e degeneração burocrática
Admitamos, contudo, que os privilégios dos aparelhos social-democratas foram a ante-sala de aberrações ainda mais graves. Não bastassem as desprezíveis excentricidades da burocracia russa, como a coleção de automóveis de Brejnev, ou a cômica sucessão de tipo monárquico, em nome do socialismo, do regime totalitário na Coréia do Norte, a esquerda do século XX viveu a degradação do assalto dos sandinistas às mansões na Nicarágua. Pressões sociais em sociedades desiguais nunca devem ser, portanto, subestimadas: os que se deixam confundir politicamente, assimilam os métodos da política burguesa – em que tudo são mercadorias, incluindo o voto – e, finalmente, se rendem a um modo de vida de ostentação. É o que confessam os principais líderes petistas quando, de maneira até grotesca, invocam absolvição porque estavam agindo de acordo com as “regras do jogo”.
Mas, agora, o PT morreu. Morreu, comparativamente, como o estalinismo morreu com a queda do muro de Berlim. Está acontecendo o que os dialéticos denominam o salto de quantidade em qualidade. Quando o publicitário que criou o Lulinha paz e amor confessou seus pecados, ironia da história, enfiou uma adaga no coração do PT. O enquadramento histórico parece incontornável, sob pena de qualquer análise sucumbir aos impressionismos de conjuntura. Só uma perspectiva mais ampla permitirá explicar como o partido político que foi a expressão eleitoral do movimento operário sindical e da maioria dos movimentos sociais brasileiros nos anos oitenta, se transformou, a partir de sua mais alta direção, irrecuperavelmente, neste espantoso amálgama de arrivistas e vigaristas.
O tema da burocratização dos partidos de trabalhadores assalariados em sociedades urbanas permanece um fenômeno polêmico. Ao analisar a socialdemocracia de cem anos atrás, Lenin recorreu ao conceito de aristocracia operária para tentar explicar a crescente diferenciação social no mundo do trabalho na passagem do século XIX para o XX, e tentar compreender porque uma maioria das bases sociais e eleitorais da socialdemocracia apoiou seus respectivos governos, quando do início da guerra de 1914. No entanto, é menos lembrado que Lenin previu que esse apoio seria efêmero, mesmo entre os setores da classe trabalhadora que obtiveram concessões na etapa histórica anterior. A aristocratização de um segmento da classe operária era compreendido pela esquerda marxista como um fenômeno, essencialmente, econômico e social, enquanto o agigantamento do aparelho sindical e das frações parlamentares absorvidos pelo Estado, era discutido como um processo, essencialmente, político-social. Aristocracia operária e burocracia operária não eram identificados como o mesmo fenômeno social, porque a aristocracia, um conceito relativo às condições materiais e culturais de existência da classe trabalhadora de cada país. Permanecia sendo um setor de classe, ainda que privilegiado, enquanto a burocracia sindical e parlamentar dos aparelhos socialdemocratas seria uma casta exterior ao proletariado. A experiência do PT e da CUT é uma confirmação quase caricatural deste prognóstico.
Crise terminal do PT e enfraquecimento do governo Lula
Estamos há dois meses diante de duas crises que, não sendo iguais, correm paralelas e são indissociáveis: a crise terminal do PT e a crise política do governo Lula. O PT, tal como foi nos últimos vinte e cinco anos, não poderá resistir. Estamos acompanhando uma revolução mental na cabeça de milhões de trabalhadores e jovens, um processo de importância histórica. O PT poderá, talvez, subsistir como um partido eleitoral, ainda assim, se expulsar grande parte da sua direção histórica, mas nunca mais poderá ocupar o papel que teve junto aos setores organizados das classes trabalhadoras e aos movimentos sociais. Será um partido eleitoral com outra base social. Enganam-se aqueles que subestimam a atual crise do petismo. O desmoronamento da autoridade do PT – em menor medida, do próprio Lula – que se aguentou na corda bamba nos primeiros trinta meses de governo, mesmo se com uma política anti-popular, tende a ser vertiginoso.
O que não impede que as parcelas mais atrasadas, desinformadas e, sobretudo, desorganizadas da população, aquelas que foram as últimas a girar eleitoralmente para o apoio a Lula, possam continuar exprimindo durante alguns meses, ou até mais tempo, intenção de voto em Lula para 2006. Foram os últimos a se deslocar para o apoio a Lula, porque nunca tiveram referência no PT ou, de resto, em qualquer partido, e serão os últimos a romper. Esse processo profundo e mais lento não será, contudo, relevante para o destino do PT. O futuro do PT está sendo decidido nas grandes fábricas, como nas montadoras e nas siderúrgicas, nas refinarias da Petrobrás, nas Universidades, entre as classes médias de alta escolaridade e baixos salários, enfim, nas grandes cidades e nos movimentos sociais que sempre foram a sua retaguarda social.
Já o governo Lula ainda não acabou – não se sustentava somente no PT - embora esteja muito fragilizado. Dependeu nestes trinta meses do apoio do imperialismo, da banca, das empreiteiras, da mídia, enfim, das instituições, como o Congresso, o judiciário e as FFAA, embora não fosse a opção preferencial da burguesia nas eleições de 2002. A sua manutenção, mesmo se agônica, na forma de um governo Palocci/Lula interessa às forças sociais e políticas comprometidas com a preservação da ordem. Não surpreende que estejam atarefadíssimas na articulação de um “acordão” que poupe Lula - e o próprio congresso - de um impeachment, da posse de Alencar ou de eleições antecipadas. Entretanto, a crise permanece aberta. O Governo Lula/Dirceu/Palocci dos últimos dois anos e meio não existe mais. O governo Lula vive, por suposto, uma profunda crise política desde que se precipitou a denúncia de que o PT teria transferido fundos para os partidos de aluguel como o PL, PP e PTB, reconhecidas pelo próprio Roberto Jefferson como mercenárias, e que lhe garantiram uma maioria no Congresso Nacional, como aliás já faziam para o governo FHC.
Não é segredo para ninguém bem informado que há muitos anos, pelo menos de 1994, o PT tem financiado as suas campanhas com milionárias contribuições dos principais monopólios brasileiros. Mas, apesar destas evidências, a direção do PT manteve a imagem de sua integridade moral intacta diante da maioria de suas bases sociais. Argumentava que aceitar o dinheiro das grandes corporações era parte das “regras do jogo”, ou seja, que os fins justificavam os meios.
As denúncias do “mensalão” poderão ser, contudo, decisivas para confirmar o que já se suspeitava há muito: (a) que o PT mantém, também, a exemplo dos partidos burgueses, um caixa dois para financiamento eleitoral; (b) que o PT, quando no Governo federal – e por que não, quando nos estados e municípios? - favoreceu empresas privadas, como as empreiteiras que concorrem pelos contratos milionários de arrecadação de lixo, ou as publicitárias, em licitações públicas; (c) que ocorreram desde 1988 dois processos simultâneos e indivisíveis: profissionalização de um aparelho de vários milhares de quadros que fazem um rodízio nacional pelos cargos de prefeituras e administrações estaduais, associado ao enriquecimento ilícito de uma parte de sua direção.
A questão decisiva para a esquerda anti-capitalista social e política é ajudar a unir estas duas crises que correm em ritmos diferentes: fazer que a perda de confiança na CUT e no PT se transforme em ruptura política como o governo Lula. Ajudar os milhões que formaram ao longo dos últimos vinte e cinco anos a base social do petismo a ir além da tristeza e do desânimo, e construir uma mobilização que traga um setor de massas, no início, um setor mais avançado e, possivelmente, mais jovem, para as ruas. O que não avança, retrocede. Já sabemos que, se não houver pressão popular, a crise se resolverá por dentro das instituições com algumas cassações de deputados - e com algumas, poucas, expulsões do PT - e Lula procurará relocalizar seu governo diante da burguesia prometendo a reforma política, a sindical, e a jóia mais cobiçada de todas, a reforma trabalhista.
Não há porque temer a debilitação do governo e, se possível, a sua derrubada. O governo Lula não é um governo de esquerda. Quem o disse foi ninguém menos ... do que o próprio Lula. Praticou o maior superávit de orçamento da história do país: até o fim de 2005 transferirá mais de R$150 bilhões para os rentistas dos juros da dívida interna, sacrificando a educação e a saúde pública. Não há quem duvide que Serra não poderia ter feito a Reforma anti-popular da Previdência que Lula fez. O governo Lula é um governo socialmente burguês, economicamente neoliberal, politicamente reacionário.
A natureza do governo Lula alimentou, contudo, inúmeras confusões na esquerda. O marxismo se distingue como corrente teórico-política, justamente, pelo esforço de fazer caracterizações sociais dos fenômenos políticos. Grande parte da intelectualidade petista, e a esquerda do PT - o próprio MST - invocaram a fórmula elíptica de um governo em disputa, um híbrido social. Mas, com o tempo, ficou claro que a mão pesou demais. É muito razoável reconhecer que todo governo pode ter uma ala esquerda, no sentido de que o ministério pode ser heterogêneo, porém, finalmente, há uma dinâmica que se impõe. O governo Lula não permite paralelo, por exemplo, com o governo Chavez, que era o grande temor de uma parcela do governo americano, tranqüilizada pela embaixadora de Washington em Brasília. O governo Chavez remete às experiências do Governo Cárdenas no México dos anos trinta, e aos governos Perón na Argentina e Vargas no Brasil, nos anos cinqüenta. Após a crise de 1929, quando a supremacia inglesa já tinha sucumbido, e uma nova hegemonia estava em aberto, uma vaga revolucionária sacudiu a Europa – Espanha, França e Alemanha – e a crise mundial favoreceu o surgimento de governos que buscavam uma margem de maior autonomia no sistema mundial de Estados. Trotsky sugeriu o conceito de semi-bonapartismo ou bonapartismo sui generis para explicar o governo Cárdenas.
“Nos países industrialmente atrasados o capital estrangeiro joga um papel decisivo. Por isso, a relativa debilidade da burguesia nacional em relação ao proletariado nacional.  Isto cria condições especiais para o poder estatal.O governo oscila entre o capital estrangeiro e o capital nacional, entre a relativamente débil burguesia nacional e o relativamente poderoso proletariado. Isto dá ao governo um carácter bonapartista sui generis, de tipo particular. O governo se eleva, para tentar descrevê-lo, por cima das classes. Na realidade, pode governar convertendo-se em instrumento do capital estrangeiro e submetendo o proletariado com as cadeias de uma ditadura policial, ou manobrando com o proletariado, chegando inclusive a fazer-lhe concessões, ganhando deste modo a possibilidade de dispor de certa liberdade em relação aos capitalistas estrangeiros.” (tradução nossa)
O conceito de bonapartismo é especialmente complexo porque questiona a ideia simples de que haveria uma correspondência direta entre as classes e o Estado. Surgiu no marxismo para tentar explicar governos nos quais o Estado arbitrava entre diferentes classes proprietárias, apoiando-se em setores não proprietários. Napoleão III teria se apoiado no campesinato para isolar o proletariado, e mobilizar sob a bandeira da unidade nacional a favor do mundo das finanças, e Bismarck fez concessões ao nascente proletariado, para manobrar contra a burguesia dos principados ocidentais anexados a favor dos junkers do Leste. Adaptado à experiência de um país semi-colonial, e reformulado como semi-bonapartismo para definir o governo Cárdenas, que suspendeu o pagamento da dívida externa, e realizou uma reforma agrária, reconhecendo os ejidos – a posse de terras comunitárias - procurava explicar o alcance de uma política nacionalista que se apoiava nas classes populares, arbitrando novas condições com o imperialismo, ainda nos limites do capitalismo.
Mas, Lula não é Chavez, nem sequer um Cárdenas do início do século XXI. Na política, como na vida, o que não se enfraquece, se fortalece. O governo Lula só poderia se fortalecer, nas atuais circunstâncias, se desse um giro à direita mais anti-popular, abraçando o plano de um superávit nominal zero, ou seja, um arrocho  próximo a 10% do PIB para o pagamento dos juros. Um governo Lula/Delfim Neto seria, no entanto, para os trabalhadores e o povo uma catástrofe nacional. Um governo Lula mais fraco é, portanto, muito melhor que um governo Lula forte. E, sendo possível mobilizar para derrubá-lo, não haveria porque hesitar, mesmo se hoje não podemos vislumbrar a possibilidade da luta direta pelo poder pelas forças anti-capitalistas. Um governo Alencar seria ainda mais frágil. Já a antecipação do calendário eleitoral exigiria um enorme grau de improviso por parte da burguesia que não tem candidatos fortes – tanto PSDB quanto PFL têm contas a explicar – e diminuiria em muito as possibilidades de um PT reciclado com outro candidato, abrindo espaço para uma recomposição da esquerda sobre novas bases políticas e metodológicas. Uma candidatura de esquerda socialista, construída tanto de baixo para cima pelo sindicalismo classista, pelos ativistas independentes do movimento popular e estudantil, quanto por uma articulação madura e paciente do PSTU, PSOL e Consulta Popular com um programa anti-imperialista e anti-capitalista, poderia ser o início de uma nova etapa da esquerda, sobretudo, se forjada a partir de uma experiência de frente única na luta contra o Governo Lula.
Tarefas democráticas e revolução socialista
Muitos socialistas honestos se perguntam se a denúncia da corrupção, uma bandeira democrática, não deveria ser secundarizada porque, afinal, a prioridade de uma política de esquerda precisaria ter como identidade fundamental a apresentação, diante de todos os grandes acontecimentos, de uma saída de classe, portanto, anti-capitalista. Esta discussão tem duas dimensões, uma programática e outra ética. A dimensão programática é a compreensão que o programa da revolução socialista deve assumir, conscientemente, tarefas democráticas.
A revolução social anti-capitalista contemporânea tem sido um processo de simultaneidade de várias revoluções. Sobre esta questão programática existiram duas posições simétricas, no passado, ambas equivocadas. A primeira e mais influente foi a do PCB que defendia que, sendo o Brasil um país atrasado em relação aos centros capitalistas, a revolução brasileira seria uma revolução nacional e democrática, tendo como centro um programa de industrialização e crescimento econômico. A etapa democrática era apresentada em oposição a uma ruptura socialista e, por isso, foram criticados, corretamente, como etapistas. Os sujeitos sociais interessados nesse programa, segundo a direção liderada por Prestes, seriam a burguesia industrial aliada às classes médias urbanas. Ficava reservado aos trabalhadores e ao povo pobre da cidade e do campo um papel de pressão sobre uma fração das classes proprietárias contra outras, sacrificado sua independência política. Esta elaboração explicava a seguidismo político do PCB face ao governo Jango. A outra posição, que influenciou a Polop, reconhecia que o Brasil era um país retardatário em que as tarefas agrárias, de distribuição da propriedade da terra, por exemplo, estavam pendentes, mas afirmava que, sendo o conflito entre capital e trabalho o mais agudo e ordenador de todas as outras lutas, a revolução brasileira seria socialista, ponto, e o seu sujeito social seria o proletariado.
A história provou que ambas estas elaborações eram unilaterais, ou estavam diretamente erradas, mesmo se admitirmos, por justiça intelectual, que a primeira se demonstrou mais equivocada. Nos países periféricos como o Brasil, acompanhamos um processo de luta social em que as tarefas democráticas, historicamente burguesas, não puderam ser realizadas pelas classes proprietárias. Mas, isso não significa que tenham perdido importância, e que não haja uma revolução democrática por fazer, mesmo depois da queda da ditadura há vinte anos atrás. Até hoje, o Brasil permanece com uma espantosa concentração de terras em pouquíssimas mãos, enquanto milhões não têm terra alguma. Até hoje, o Brasil continua com uma inserção dependente no mercado mundial, exportando capitais através do pagamento da dívida externa, vendendo muito barato suas matérias-primas, e comprando caro manufaturados e pagando fortunas de royalties. Até hoje, vivemos em uma República que não é república, devorada pela corrupção e pela impunidade, porque riqueza e poder se protegem, reciprocamente, e a lei está muito longe de ser igual para todos. Isto foi assim e permanecerá assim, porque as classes proprietárias temem, acima de tudo, a mobilização independente das massas trabalhadoras da cidade e do campo.
A revolução brasileira será, portanto, um processo de simultaneidade de várias revoluções, como tem acontecido, aliás, nos últimos anos na América Latina. O “que se vayan todos” da Argentina em 2001 e do Equador em 2005, expressava a radicalidade democrática do programa que permitiu a aliança do mundo do trabalho com as classes médias. O que pretendia traduzir? As massas estavam votando com os pés, marchando aos milhões, e dizendo que os políticos profissionais burgueses e seus aliados reformistas não deveriam poder mais se candidatar. Por isso, eram “escrachados” e desmoralizados, e não podiam mais sair de casa.
Na Bolívia, a bandeira de luta contra a violenta repressão que deixou dezenas de mortos, e que levou à queda do “El Gringo” Gonzalo de Losada em 2003, e a bandeira do “Gás é nosso”, que levou á derrubada de Mesa em 2005, traduziam a união das reivindicações nacionais anti-imperialistas com a justa ambição democrática de justiça para a maioria da população que é indígena e camponesa, e que sempre foram considerados pelos proprietários descendentes de europeus, como bolivianos de segunda classe. Os Fevereiros recorrentes latino-americanos desde 2000 – Equador em 2000 e 2005, Argentina em 2001, Venezuela em 2002 Bolívia em 2003 e 2005, as revoluções democráticas que permanecem incompletas, que derrubam governo atrás de governo, mas não se colocam a questão do poder, confirmam que processos de revolução socialista, mesmo se partindo de níveis de consciência e organização insatisfatórios, estão em marcha.
A revolução brasileira não será diferente. Será um processo de mobilização em permanência em que às bandeiras de luta anticapitalista, como a nacionalização do sistema financeiro, por exemplo, se unirão as bandeiras democráticas radicais como a luta contra a corrupção, pelo fim dos sigilos bancários, fiscais e telefônicos dos corruptos e corruptores, pela expropriação de seus bens, pelo fim dos paraísos fiscais, etc... Será uma revolução nacional contra o imperialismo, uma revolução agrária contra o latifúndio, uma revolução democrática contra a corrupção, uma revolução negra contra o racismo. Será, contudo, uma revolução socialista, porque terá nos trabalhadores assalariados, a coluna vertebral da aliança popular com as camadas médias, e não se deterá diante da propriedade privada do capital. O fenômeno do substitucionismo social já adquiriu formas incríveis - como revoluções agrárias que se desdobram em socialistas como na China - e preparemo-nos para novas surpresas: tarefas democráticas elementares, até republicanas - como aprecia tanto a esquerda petista - só poderão ser realizadas com métodos revolucionárias, pelas classes que têm interesses anti-capitalistas. É a revolução permanente.
Os fins e os meios
A dimensão ética remete à relação entre os fins e os meios, que injustiçou no passado remoto os jesuítas – e no século passado os bolcheviques – e encontrou seus ecos no movimento socialista. O debate sobre estratégia e tática, qualificando os diferentes tempos da política, deu uma nova vida ao problema, na medida que crescentemente, a maioria das correntes que se reivindicaram socialistas no século XX, foram abandonando a perspectiva anticapitalista, adotando diferentes variantes de programas reformistas. Estabeleceram-se em relação ao tema, grosso modo, três posições fundamentais na esquerda contemporânea, embora com nuances intermediárias:
(a) a posição que defende que os fins justificam os meios. Os seus defensores argumentaram que, ao final, com a perspectiva do tempo, seriam absolvidos. As sociais democracias francesa e alemã justificaram os genocídios da Primeira Guerra, esgrimindo que agiam em cumplicidade com suas classes dominantes, em nome da defesa da pátria. O estalinismo não hesitou, por exemplo, em defender até o pacto Ribbentrop/Molotov, ou seja, aceitou um acordo diplomático com o nazismo que não impediu que, dois anos depois, a URSS fosse invadida por uma Alemanha imensamente fortalecida. Os “realistas” se esquecem, porém, que meios indignos distanciam ou até comprometem os fins, porque os fins precisam, também, ser permanentemente, reafirmados, confirmados e justificados. Cometem, em nome do realismo político, o erro simétrico dos moralistas. Mas, dividem com eles o critério absurdo de que meios e fins independem uns dos outros;
(b) a posição dos moralistas que os meios são tudo, e os fins, nada. Afirmada, originalmente, pelo reformismo “a la Bernstein”, virou uma coqueluche internacional com o crescimento dos Forums Sociais Mundiais e a popularidade das ONG’s. A estratégia da luta se esgotaria na tática, esvaziando a política de invenção. Porque tudo são táticas que, erraticamente, se sucedem. Não há horizontes, não há projetos, não há programas. A política fica reduzida ao tempo do presente. A dimensão utópica do combate socialista, que só pode adquirir significado na revolução mundial, se perde. A história, de processo de vir a ser, passa a ser um eterno presente, comprometendo, portanto, uma perspectiva de luta pelo poder. Esta posição aparece, freqüentemente, camuflada com o argumento empirista de que o caminho se constrói caminhando, cuja  conseqüência é a absolutização de critérios morais imperativos e universais. No limite, consiste em uma subordinação da política à moral, uma versão que pode ser mais ou menos laicizada (sob a forma de valores ahistóricos da “natureza humana”). Remete, em última análise, ao princípio teológico de que a moral independe da história, portanto, da sociedade e dos conflitos de classe no seu interior. Sendo os imperativos categóricos kantianos inaplicáveis, tanto sob as pressões da vida cotidiana, quanto na arena das lutas de classes quando esta se exacerba, os valores morais universais passam a ser um princípio sagrado irrevogável, porém inútil;
(c) a posição que defende que os meios e os fins têm entre si uma relação indissolúvel e, em uma sociedade dividida, o combate político é também um combate moral. Só seriam admissíveis, portanto, aqueles meios que estejam ao serviço da supressão do poder de uma minoria sobre a maioria: os meios que inflamam a indignação dos oprimidos, que exaltam a sua união e confiança em si mesmos, que confirmam a justeza de suas lutas. Obrigatório concluir que nem todos os meios são permissíveis. Devem ser condenados como indignos, por exemplo, todos os procedimentos que alimentem ilusões nos inimigos de classe e desconfiança entre os trabalhadores; os métodos dos burocratas que trocam confidências com os patrões e mentem, descaradamente, para as suas bases; os artifícios dos que lançam um setor do povo oprimido contra outros; ou que estimulem o seguidismo cego dos chefes; e, acima de tudo, o repugnante servilismo diante das autoridades, e o correspondente desprezo pela juventude e os explorados e suas opiniões; mas, reconhece, também, que não existe um catecismo que defina como mandamentos o que é consentido, e o que é impensável.
Por VALÉRIO ARCARY

Historiador marxista e dirigente do PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado. Graduado em História pela PUC-SP e doutor em História Social pela USP. Ex-líder estudantil durante a Revolução Portuguesa, voltando ao Brasil tornou-se dirigente do Partido dos Trabalhadores e fundador do PSTU. É autor dos livros As esquinas perigosas da História – Situações revolucionárias em perspectiva marxista (Xamã, 2004) O encontro da revolução com a História. Em sua obra, Arcary resgata o real significado do socialismo, maculado pela política stalinista na União Soviética. Atualmente leciona em graduação no curso de licenciatura em Geografia e no Curso de Turismo, ambos no antigo Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo e atual Instituto Federal de São Paulo.
 Foi membro do Diretório Nacional do PT a partir de 1987, e da Executiva Nacional do PT a partir de 1989. Foi expulso do PT no processo de exclusão da Convergência Socialista em 1992.

* TROTSKY, Leon. Moral e Revolução: a nossa moral e a deles. 2ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra. p. 9/11.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Dia das Crianças - Educação.


Com todo respeito que as crianças merecem e por isso mesmo, mas no Brasil o dia 12 de outubro deveria ser lembrado como um dia de mais reflexão sobre a educação de nossas crianças do que qualquer outra coisa. 

Na década de 1920, o deputado federal Galdino do Valle Filho teve a ideia de "criar" o dia das crianças. Os deputados aprovaram e o dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança pelo presidente Arthur Bernardes, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924. Mas somente em 1960, quando a Fábrica de Brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para lançar a "Semana do Bebê Robusto" e aumentar suas vendas, é que a data passou a ser comemorada. A estratégia deu certo, pois desde então o dia das Crianças é comemorado com muitos presentes. Logo depois, outras empresas decidiram criar a Semana da Criança, para aumentar as vendas. No ano seguinte, os fabricantes de brinquedos decidiram escolher um único dia para a promoção e fizeram ressurgir o antigo decreto. A partir daí, o dia 12 de outubro se tornou uma data importante para o setor de brinquedos no Brasil.

Existe o Dia Mundial da Criança, é oficialmente 20 de novembro, data que a ONU reconhece como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança. A principio deveria ser o dia da reflexão mundial, mas não se ouve falar em debate algum no Brasil.

Temos uma educação em crise e não aparece ninguém com algo que preste a ser feito. São nítidos os sinais de fracasso! Temos, em praticamente todo território nacional, sinais, dos mais variados, da falência educacional no Brasil. Alguém pode achar um exagero essa declaração!Porque talvez não tenha um caso na família ou ainda tenha filhos estudando em bons colégios, que existem graças a Deus. Mas o que vemos é aluno agredindo professore, aluno pulando de prédio, tiroteio dentro de escolas e por aí vai. E os índices do Governo? Tudo arranjado para não comprometer os governos, enquanto isso, a população acha que tudo vai bem e não liga os casos, que estão todos os dias na mídia, à falência educacional do nosso país.

Só a industria dos brinquedos tem ganhado com o dia das crianças. As crianças mesmos só ganham é perda de um tempo precioso que não voltará jamais.

sábado, 6 de outubro de 2012

As Gerações Baby Boom, X,Y, Z - Perfil Comercial.

Antigamente uma geração era definida a cada 25 anos, porém, nos dias de hoje, já não se espera mais um quarto de século para se instaurar uma nova classe genealógica. Atualmente os especialistas apontam que uma nova geração surge a cada 10 anos apenas. Nas empresas, isso implica em pessoas de diferentes idades e costumes vivendo em um mesmo ambiente de trabalho, trocando experiências e gerenciando conflitos em períodos cada vez menores.


A chamada geração “baby boomers” se refere aos nascidos entre 1943 e 1960, em famílias com renda consolidada e padrão de vida mais estável. São consumidores pouco influenciáveis por marcas, têm preferência por qualidade à quantidade e por produtos duráveis, e apresentam firmeza e maturidade nas decisões. Para eles o preço não é visto como delimitador ao perseguir um desejo. Os “baby boomers” também utilizam experiências passadas como exemplo para consumo futuro.

A “geração X” é composta pelos nascidos entre 1960 e 1980 com perfil um pouco mais individualista sem, contudo, perda de convivência em grupo. Esse grupo tem pessoas mais maduras, que lutam por seus direitos e por liberdade. Por outro lado, nota-se aqui um respeito em menor grau à família do que em outras gerações, em contraponto a uma valorização de indivíduos do sexo oposto e ruptura com as gerações anteriores.



Na “geração Y” estão indivíduos nascidos entre 1980 e 2000. Os principais traços do perfil são a conectividade, busca por informação fácil e imediata, preferência por computadores a livros, emails a cartas. Os indivíduos dessa geração digitam em vez de escrever, passam, grande parte do tempo, conectados a redes de relacionamento, e têm o hábito de compartilhar informações; são multitarefas, estão sempre em busca de novas tecnologias e não são fiéis a marcas.


Por fim, a “geração Z” reúne os nascidos entre 1990 e 2009. Eles têm perfil altamente tecnológico e multitarefas em um mundo quase essencialmente virtual. Para esses indivíduos, prevalece a obsolescência (as coisas perdem valor rapidamente), falta de expressividade na comunicação verbal e baixa interação social. Especialistas divergem sobre as datas de início e fim das gerações Y e Z, você vai encontrar períodos diferentes..

Fonte: site  Baby Boom Care

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Viva a vida!



É o que tentamos fazer da melhor forma possível, mas nem sempre conseguimos um bom desempenho, principalmente se tentarmos criar uma forma individualista de viver. Aos 22 anos, somente aos 22 anos, consegui achar um caminho e após um lindo sermão, pregado por uns dos maiores pregadores que pude assistir, tiver a certeza de estar no caminho certo. 

Conhecer Jesus é tudo!
Pr. ALEJANDRO BULLÓN

"A pergunta do jovem rico: "O que farei para herdar a vida eterna?", é a pergunta que palpita no coração da humanidade. O homem foi criado para viver. O que ele mais quer é viver. A vida pode ser a mais miserável das vidas, mas quando chega a hora da morte o homem se agarra com desespero à vida.

A morte é um intruso na experiência humana e por isso não é aceita. O maior desejo do homem é viver. Para ter vida ele é capaz de fazer qualquer coisa, pagar qualquer preço, realizar qualquer sacrifício. "O que farei para herdar a vida eterna?", é o grito desesperado do coração humano.

"E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (São João 17:3).

Você vê? O segredo da vida eterna não consiste apenas no conhecimento de um corpo de doutrinas ou na aceitação de uma determinada Igreja. O segredo é o conhecimento de uma pessoa: a pessoa maravilhosa que é Jesus Cristo. O verdadeiro cristianismo é um relacionamento de duas pessoas: o ser humano e Cristo. O que mais importa em nossa experiência espiritual não é o que cremos mas em quem cremos.

A razão para acreditar que o verdadeiro cristianismo é o relacionamento pessoal entre Cristo e o homem é que a justiça e o pecado só podem existir entre pessoas. Uma estrela, um gato, uma mesa ou uma pedra não podem pecar ou ser justos. Só as pessoas pecam. Por isto o pecado, mais do que a violação da lei, é a interrupção do relacionamento de amor entre Cristo e o ser humano.

Esta é a verdadeira tragédia do pecado. Quando peco, estou ferindo meu Jesus, ferindo a mim mesmo e trazendo separação entre ambos.

A maldade do pecado do Éden está melhor revelada no fato de Adão se esconder de Deus e não propriamente no comer do fruto proibido. O pior do pecado é isso: o ser humano que outrora corria e se jogava nos braços do Pai amante, depois de pecar, escondeu-se de medo e causou profundo sofrimento ao coração de Deus.

O Pai não estava triste porque alguém comeu uma fruta, Ele estava sofrendo por causa da separação.

Isto nos leva à conclusão de que a salvação e a vida eterna nada mais são do que uma reconciliação ou um novo relacionamento pessoal com o Senhor da salvação. Somos salvos, quando cremos em Jesus, quando amamos a pessoa de Jesus, não apenas Seu nome, nem Suas doutrinas, nem apenas Sua Igreja.

Não podemos, porém, amar uma pessoa sem conhecê-la, por isso o inimigo fará todo o possível para nos distanciar mais e mais de Deus, ou então para aproximar-nos dEle com uma idéia errada do Pai. O inimigo não quer que conheçamos Jesus ou, na pior das hipóteses, quer que O conheçamos com a imagem de um Deus tirano, ditador, preocupado mais com Suas normas do que com Seus filhos.

Com essa imagem de Deus que não inspira amor, inspira medo; não inspira desejo de servi-Lo, gera a obrigação de servi-Lo, o inimigo procura nos levar a uma religião triste, a um cristianismo formal. É o medo do castigo que nos leva a obedecer. O inimigo fica feliz com isso. Conseguiu o que queria. Se não conseguiu levar-nos para longe do Pai, ao menos trouxe-nos para perto dEle pelos motivos errados.

Conhecer Jesus é Tudo, sabe por quê? Porque ao conhecê-Lo como na realidade Ele é, ao conhecer o que Ele fez por nós na Cruz do Calvário, ao saber o quanto Ele nos amou e nos ama apesar de nossas atitudes ou de nossa rebeldia, não teremos outro caminho senão apaixonar-nos por Ele, amá-Lo com todas as forças de nosso ser. E porque O amamos, desejaremos ser como Ele é, viver como Ele quer. Vamos querer ver sempre um sorriso de felicidade em Seu rosto e conseqüentemente, deixaremos de fazer tudo aquilo que O deixa triste e faremos tudo aquilo que O deixa feliz.

Conhecer Jesus é tudo porque a salvação não provêm do esforço humano, ela é um presente de Deus e esse presente é a pessoa de Jesus Cristo. A salvação não vem de Jesus Cristo. A salvação é Jesus Cristo. Aceitar a salvação é aceitar a Jesus Cristo. Conhecer Jesus é ter a salvação e, portanto, ter a vida eterna.

Quando São João fala de "Conhecer Jesus" não está falando apenas de um conhecimento teórico. João vivia numa época em que predominava o pensamento helenístico. Os gregos endeusavam o conhecimento teórico. Para um grego dizer que conhecia uma flor, ele ia à biblioteca, estudava tudo o que as enciclopédias e livros falavam sobre a flor, e dizia: "Conheço a flor". João não. Para ele dizer que conhecia a flor, além de ler os livros, ele ia ao campo, tocava a flor, sentia a flor, cheirava a flor, acariciava-a e então dizia: "Conheço a flor".

Conhecer, para os gregos que viviam no tempo de João, era acumular conhecimento teórico. Conhecer, para o discípulo amado, era uma experiência de vida. O conhecimento teórico pode ajudar enquanto as coisas andam bem. O conhecimento experimental é, por sua vez, a única solução para os momentos de crise.

A maioria dos discípulos limitava-se a ouvir as palavras de Jesus. João ia mais além: ficava perto do Mestre e reclinava a cabeça no coração de Jesus. A diferença revelou-se na crise. Quando os judeus prenderam Jesus e O levaram ao Calvário, todo mundo O abandonou. O único que ficou perto foi aquele que não se contentou em ouvir Jesus, nem apenas saber acerca dEle, e sim o que procurou um conhecimento experimental.

"E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." (São João 17:3)

Simples como a flor, como uma criança, como um sorriso, como todas as coisas de Deus. Nós, os seres humanos é que às vezes complicamos as coisas, as tornamos difíceis e roubamo-lhes a beleza natural.

Pessoalmente, levei anos para entender algo tão simples. A minha experiência cristã quando jovem foi uma experiência asfixiante, mas Deus me ajudou a descobrir Jesus como uma pessoa e não simplesmente como uma teoria.

Corria o ano de 1972. Eu era missionário entre os índios da tribo Campa, que moram nas margens do rio Perené, na Amazônia de meu país. Naquela manhã de sexta-feira, saí de casa com o objetivo de visitar uma aldeia localizada a duas horas de caminho através da floresta. Não soube precisar em que momento perdi a trilha. Esforcei-me para achá-la, mas toda tentativa acabava me desorientando mais. Os minutos e as horas foram passando e então as nuvens escuras apareceram anunciando a tormenta.

A chuva chegou junto com a noite, implacável. Assentei-me no chão, debaixo de uma árvore, e vi passar o tempo, rogando a Deus que me ajudasse a sair daquela situação difícil. Não sei quanto tempo fiquei desse jeito, mas quando notei que a chuva tinha diminuído, reiniciei a caminhada em meio à escuridão e o barro. Estava completamente molhado, cansado, faminto e a esta altura, quase desesperado. "Você não pode parar, vai ter que continuar". Repetia. "Você vai conseguir. Daqui a pouco você achará a aldeia, não pode é ficar aqui parado."

Mas algo me dizia que tudo era inútil, que o melhor seria ficar ali e esperar a luz do novo dia. Ficar ali? Molhado como estava? Sozinho? E se alguma fera aparecesse? Era a primeira vez que me acontecia uma coisa assim. Eu não conhecia a selva. Tinha chegado da capital havia poucos meses. Senti que o medo estava tomando conta de mim e corri. Corri como um louco, como se alguém estivesse me perseguindo. A chuva molhava meu rosto, dificultando a visão, se é que se podia enxergar alguma coisa naquela escuridão.

Foi aí que escorreguei e caí floresta abaixo, cinco ou seis metros talvez. Estava cheio de lama. Não existia mais trilha. Só a escuridão e a música, que naquele momento para mim parecia infernal, que a chuva produzia ao entrar em contato com as folhas e o chão.

Eu não queria aceitar, mas estava perdido, completamente perdido. Tentei sair do buraco em que me achava. Segurei-me numa planta, mas esta desprendeu-se e tornei a cair na lama. Agarrei-me a um pequeno galho. Uma dor violenta obrigou-me a soltá-lo e acabei novamente na lama, com a mão cheia de espinhos. Tudo o que fazia era inútil, meus pés escorregavam na terra molhada e acabava sempre lá embaixo, no buraco e na lama.

Fiquei algum tempo meditando em silêncio e descobri a tragédia de minha vida. Olhando para trás vi que minha vida na igreja tinha sido como aquela noite. A vida toda tentando sair do buraco, a vida toda tentando viver à altura dos elevados princípios de minha igreja, cumprir os mandamentos e regulamentos e acabando sempre na mesma situação. Eu estava perdido em meio à igreja, com todas as suas doutrinas na cabeça. Cumprindo, de certo modo, todas as suas normas, eu estava perdido. E o pior de tudo: fazia dois anos que eu era um pastor.

Como num filme, minha vida toda começou a desfilar ante meus olhos. No pequeno local onde congregava quando era criança, havia um lugar especial em cima do púlpito para os Dez Mandamentos num quadro dourado. Era dever de todos saber de cor os mandamentos e guardá-los fielmente.

Desde pequeno aprendi as normas da igreja. Não pode isto, não pode aquilo. Fazer isto está errado, fazer aquilo outro também está errado.

- Ó Deus, - perguntava-me muitas vezes - como é possível viver assim?

E em meu coração de adolescente sentia um estranho conflito. Sabia tudo que devia e não devia fazer, mas não conseguia viver à altura dessas normas e isto me tornava infeliz. Só Deus sabe quantas vezes deitei-me na cama, sozinho, e ruminei meu desespero.

Atormentava-me a idéia de um Deus sempre zangado, sempre pronto a me castigar, esperando sempre de mim o cumprimento de todas as Suas normas.

Formei-me na Faculdade de Teologia aos 21 anos. Mas em lugar de ser feliz, sentia-me mais angustiado e perguntava: "Deus! O que acontece comigo? Por que esta sensação de que sempre estou errado, de que nada está certo?".

A resposta não vinha, mas o conflito aumentava. "Agora você é um pastor" - repetia para mim - "você tem que ser um exemplo para a Igreja. Se alguém tem que cumprir todas as normas ao pé da letra é você".

Como foram tristes os primeiros anos de meu ministério! Não que eu fosse um grande pecador. Meus pecados poderiam ser chamados de "suportáveis". Eram "pequenos erros". Mas eu sabia que para Deus não havia classificação de pecados, e isso me angustiava. O pior de tudo era que eu conhecia a doutrina de Cristo. Sabia de cor todas as doutrinas da Igreja. Sabia os mandamentos de cor, centenas de versos de cor. Pregava de Jesus e voltava para casa triste. Sempre com aquela sensação de que alguma coisa estava errada. Deitava e levantava cada dia com as normas e os princípios na cabeça. Andava sempre pensando no que devia ou não fazer. A angústia não desaparecia. Deus foi muito bom comigo porque, apesar de tudo, deu-me muitas pessoas para Jesus nesses dois primeiros anos de ministério.

Aquela noite, lá no interior da mata, molhado e cheio de lama, entendi, pela primeira vez, o que acontecia comigo. Eu estava perdido em meio duma amazônia de doutrinas, normas, leis e teologias. Perdido em meio à Igreja!

Olhei para um lado e para o outro. Onde estava o Jesus do qual pregava? Estava lá, distante, atrás das nuvens. Na minha cabeça só havia teorias, normas e doutrinas. Tive vontade de chorar como uma criança, porque me sentia sozinho. Eu conhecia um nome, não uma pessoa, eu amava uma Igreja e não o maravilhoso Senhor dessa Igreja, eu tinha comigo normas e regulamentos, mas não tinha Jesus e naquela hora não precisava de normas, não precisava de doutrinas, nem de uma Igreja, precisava de uma pessoa.

Chorei aquela noite a tragédia de ter vivido sempre só, tentando sair do buraco e achar a trilha certa, mas acabando sempre na mesma situação, na lama e na desgraça.

A chuva estava passando "Um milagre" - disse em meu coração - "preciso de um milagre. Só um milagre poderá tirar-me daqui". E comecei a gritar com todas as forças de meu ser. Na selva, quando alguém está perdido tem que gritar. Se alguém ouvir seu grito, gritará por sua vez e assim ambos poderão se ajudar.

De repente, pareceu-me ouvir uma voz distante. Gritei. Minha voz perdeu-se na imensidão da floresta e o vento me trouxe a resposta. Alguém estava gritando ao longe. Alguém estava lá. Continuei gritando e o grito foi se aproximando. Cada vez mais e mais. Pude perceber os passos e depois ver a silhueta de alguém. Ao chegar perto de mim, vi seu rosto. Era um índio. Estendeu-me o braço, segurou minha mão e puxou-me. Era uma mão forte, cheia de calos. Puxou-me com firmeza até chegar lá em cima:

- Quem é você? - perguntei.
Não respondeu.
- Como você se chama?
Silêncio.
- De onde você veio? 
A mesma resposta.

Segurou-me o braço e começou a caminhar. Seus passos eram firmes. Em momento nenhum respondeu minhas perguntas.

Andamos em silêncio algum tempo até chegarmos a certo ponto. Lá embaixo havia luz. Era o lugar que eu estava procurando. Estava a salvo.

Na manhã seguinte desci até uma pequena cachoeira para me lavar. Ajoelhei-me ouvindo a música da água ao cair e o canto dos pássaros. Pela primeira vez senti que não estava mais sozinho. Então orei: "Senhor Jesus, agora sei que não és uma doutrina, és uma pessoa maravilhosa. Como fui capaz de andar sozinho a vida toda? Ó Senhor, agora entendo porque não era feliz. Estava faltando o Senhor na minha vida. Quero amar-Te Senhor. Quero segurar sempre Teu braço poderoso. Sei que sem Ti estou perdido. Quero daqui para frente estar preocupado só em segurar Tua mão de amigo, quero sentir-Te ao meu lado. Saber que não estás somente lá nos Céus, mas aqui, comigo. Hoje entendo o que estava faltando. Estava faltando Tu, Jesus querido".

Desde aquele dia comecei a encarar a vida cristã não como uma pesada carga de normas, proibições e regulamentos, mas como a maravilhosa experiência de caminhar lado a lado com Jesus. As doutrinas começaram a ter vida para mim. Tudo o que antes era opaco e sem cor começou a adquirir o maravilhoso brilho da felicidade. Aquele índio me ensinou uma lição que precisava aprender. Talvez a maior lição de minha vida. Sozinho estaria sempre perdido, sempre angustiado, sempre infeliz. Precisava da ajuda de um amigo que conhecesse o caminho melhor do que eu. E achei esse amigo em Jesus.

Poderia você abrir o coração a Jesus neste momento? Você não está só. Talvez ao longo dos anos essa sensação de carregar um vazio interior o acompanhou, mesmo você fazendo parte de uma igreja cristã. Por quê? Simplesmente porque Jesus nunca passou de ser um nome ou uma doutrina bonita. Mas neste momento Ele quer Se tornar para você uma pessoa real. Ele o convida a viver a mais linda experiência de amor. Está você disposto a aceitá-Lo? Lembre-se: Conhecer Jesus é tudo.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Feliz Dia do Vendedor 2012.



Segundo a Federação Nacional dos Empregados Vendedores e Viajantes do Comércio, a FENAVENPRO, muita gente, inclusive os profissionais da área de vendas, não sabe que a data passou a ser comemorada após um congresso realizado na Argentina.

O 1º Congresso Pan-americano de Viajantes, Agentes e Representantes do Comércio aconteceu entre os dias 25 de setembro e 2 de outubro de 1937 e contou com a participação de representantes do Brasil, Argentina, Chile, México e Uruguai. Durante o evento, ficou decidido que a partir de então, todo dia 1 de outubro seria comemorado o Dia do Vendedor (a nível Pan-americano).

A profissão de vendedor é tão importante e presente na vida das pessoas que acaba sendo desvalorizada. Mas, o que seria da sociedade, da economia, sem os vendedores? Todas as pessoas, pelo menos uma vez na vida, se tornam vendedoras. O simples fato de concorrer a uma vaga de trabalho é vender a “mão de obra” que está sendo contratada. Mas, para quem realmente leva a profissão como forma de sustento, é bom saber que existe uma regulamentação. A Lei é a número 3.207, de 18 de julho de 1957 (20 anos depois da primeira comemoração do Dia do Vendedor). Em 11 artigos estão contidos os direitos e deveres do profissional da área de vendas. Porém, nenhuma regulamentação adianta se a pessoa realmente não tem dom. Um bom profissional deve ter iniciativa, persistência, entusiasmo e paixão.

Deixo com vocês uma história do melhor vendedor do mundo, publicada neste blog em 2011: "O Vendedor que queria vender pra Deus." Um abraço a toda a minha equipe atual e todos os vendedores com quem pude trabalhar, todos eles me ensinaram muito!! Um beijão a melhor vendedora que conheci, há 20 anos comprou meu coração com todos os defeitos que tinha, Luciana Lima...rs!!

domingo, 30 de setembro de 2012

Leonardo Gonçalves.

Foto Divulgação.
No dia 16 último às 19:30 na Igreja Adventista Central/RJ fui assisti-lo com toda a família e mais a Claudinha, Claudia Leite, grande amiga, que prontamente aceitou meu o convite. A igreja estava lotada, um grande encontro de amigos, tantos que nem sei! A Debora Muscutt estava lá também, diretamente de Raleigh, NC, EUA e toda família brasileira, muito legal!!  Queria ter visto a D.Nazare, saudades.

Muita gente veio assisti-lo.Suas  canções são conhecidas, sua voz com melismas e agudos também. Os mais jovens adoram. Confesso que gosto também, apesar de nunca tê-lo visto em uma apresentação.Quem me apontou pela primeira vez Leonado Gonçalves, em 2006, foi uma menina muito jovem, que trabalhava comigo na Multi. O que eu não conhecia e talvez, algumas pessoas também, é o modelo bastante espiritual de sua apresentação. Quem foi assistir a um show acabou participando de um culto.

O repertório alternava as canções com a leitura e comentários de trechos bíblicos. Aliás, a Bíblia esteve o tempo todo aberta em uma estante a frente do cantor.  Sua capacidade de atração jovem é notável, porém, mais notável ainda foi sua postura de mensageiro da Palavra. Algumas palavras de um cantor às vezes têm mais repercussão na mente de um jovem do que o sermão inteiro de um pastor. É grande a responsabilidade dos cantores que professam levar o evangelho por meio da música. 

Com canções recentes do seu último trabalho e outras mais antigas, numa cronologia da vida de Cristo, ele soltou a voz, emocionando a todos. Ousou falar da vida na eternidade, assunto difícil devido nossa incapacidade de ilustrar e imaginar uma vida perfeita. Mas os arranjos de suas canções fazem nossas emoções chegarem bem perto do que serão aqueles dias.

Leonardo tem sofrido críticas, algumas descabidas e injustas de quem não conhece o trabalho dele. Tem gente que nunca ouviu uma canção completa e fala mal. Seu pai, em uma oportunidade pelo Facebook, confidenciou-me que até pregadores experientes fazem criticas, sem nunca tê-lo visto. Chegaram certa vez a acusá- lo de adorador do domingo, tudo por uma equivocada interpretação da canção "Ele Vive", onde há a frase "Hoje é domingo de manhã..." A canção fala do primeiro dia da ressurreição. Um pecado o que fazem, às vezes.  Ele é algo novo cantando e pregando de um forma nova, com um capricho nas letras e arranjos. O que causa admiração, espanto e ciumes. Acima de tudo incomoda os mais conservadores. Tudo que é novo é assim! Foi assim no surgimento do rádio, da televisão, é assim com o avanço de novas tecnologias como o telefone celular e a web. Já existe uma grande safra de cantores gospel seguindo seus passos. Leonardo traz letras e melodias novas e um estilo de cantar muito agradável. O que importa é o foco, e o foco é Jesus, Gostei!! Que Deus o abençoe!!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Dificil arte de Educar.


Educar requer uma grande dose de paciência, sabedoria, amor, perseverança e coerência.Para conseguirmos estabelecer limites sem podar a criatividade, nem sermos autoritários em demasia, dar amor sem que, com isto e em seu nome, nos tornemos por demais permissivos. Dar liberdade para que seja exercido o livre arbítrio de cada um, de modo que haja responsabilidade pelas escolhas e pelos atos praticados.

É importante corrigir, sem ser excessivamente crítico, de modo a humilhar e desvalorizar, estabelecer regras que devem ser cumpridas, sem que sejamos tiranos, saber ser flexível, quando a situação requer, sem com isto estimularmos a impunidade.

É importante indicar caminhos, sem que com isto queiramos percorrer caminhos alheios, posto que a vida se faz a cada passo, a cada momento, a cada opção feita, a cada ato praticado, cada palavra dita (ou omitida), cada mão estendida, cada sorriso dado, a cada lágrima derramada, seja de alegria ou de dor.

Quando uma criança chega à escola, já leva uma bagagem de emoções, de sentimentos, de orientações recebidas, hábitos adquiridos pela educação que recebe na família na qual está inserida. Como vivemos em um mundo globalizado, aonde a informação chega a cada casa com uma incrível velocidade, por vezes tudo que se tenta passar para uma criança, parece ser algo em desuso, sem valor, frente ao que é visto através da imprensa ou da mídia televisiva.

Educamos através de coisas simples, que são reforçadas no dia a dia, como ao orientar para cuidar do que lhe pertence, não pegar nada do colega sem pedir permissão, não dizer palavrão, não mentir, exigir respeito aos mais velhos, que seja educado, gentil, que use palavras “mágicas” como Bom Dia, Com licença, Obrigado; fale sem que precise gritar, não jogue lixo na rua e uma série de outras regras básicas de boa, pacífica e respeitosa convivência.

Hoje temos que ser verdadeiros artistas, sem sermos palhaços (digna profissão, aliás), para conseguir formar um cidadão de bem, sem corrermos o risco de sermos taxados de alienados diante da realidade que nos é mostrada, onde parece que prevalece a impunidade, a falta de caráter, de respeito e de limites. A dificil arte de educar, vejam esse relato abaixo, uma ilustração de um tempo:
"Meu pai foi um homem muito duro, um homem que não admitia erros. Ele não conhecia Jesus, mas era um homem muito honesto. Não aceitava a Jesus, mas era um moralista de primeira linha. Para ser um moralista não precisa ser cristão. Ser cristão é viver preocupado em deixar que Jesus viva em você. Ser moralista é viver preocupado apenas em portar-se bem. Mas, graças a Deus, no fim de sua vida, aceitou a Jesus e tornou-se um cristão. E como eu já disse, ele não admitia erros, e eu, quando garoto, cometia muitos erros.
Certo dia fiz algo errado. Meu pai já tinha me dado uma advertência, mas eu continuava errando no mesmo ponto. Um dia, do qual não me esquecerei, fui flagrado. Eu sabia que quando meu pai chegasse, à tarde, teria que me acertar com ele. Ele tinha me prometido que se eu cometesse aquele erro mais uma vez me daria vinte chicotadas. Quando ele chegou, eu já estava preparado. Então me disse: Venha ao quarto. E fui. Eu devia ter nove anos, dez, talvez. Eu tinha vestido quatro calças para assim diminuir a dor e meu pai percebeu. Eu quero imaginar neste momento meu pai vendo entrar o filho, com as pernas grossas por causa das quatro calças. Eu, com nove anos pensava que meu pai não perceberia, mas parece que percebeu. Eu era uma caricatura diante de meu pai tentando resolver o meu problema vestindo quatro calças. Ele podia ter rido de mim, mas não riu. Eu vi lágrimas em seus olhos. O chicote estava em sua mão. Eu sabia que merecia o castigo. Ele devia dar-me as vinte chicotadas que tinha prometido. Eu já tinha me dito que não choraria nem reclamaria. Estava pronto para receber meu castigo. Meu pai não conhecia a palavra perdão, mas aquela tarde aconteceu uma coisa estranha. Aquele homem duro se emocionou e disse:

- Venha cá. Aproxime-se mais.

Cheguei perto dele. Ele tinha o chicote na mão. Fechei os olhos esperando a primeira chicotada, mas o que eu senti foi um abraço. Meu pai me abraçou. Havia lágrimas em seus olhos e então me disse:

- Filho, eu não quero castigá-lo. Não pense que eu sinto prazer em castigá-lo. Eu o amo filho, mas tenho que fazer isso para o seu próprio bem; para que você não sofra quando crescer. Você tem que aprender a obedecer agora.
Mas ele me abraçou e continuou:

- Filho, desta vez eu não vou lhe bater, pode ir.
Se meu pai tivesse me dado as vinte chicotadas eu não teria derramado uma lágrima. Mas aquela tarde, chorei. Seu abraço doeu mais que vinte chicotadas. Seu amor doeu mais que seu castigo. Se ele me castigasse talvez eu continuasse fazendo aquilo que tinha feito sempre. Mas naquele mesmo dia prometi para mim mesmo que nunca mais faria meu pai chorar." (do Sermão: A espera Silenciosa de A.Bullón)

Uma Fé Extraordinária - John Harper

                                                              John Harper, a esposa e filha - Google Fotos. No livro “The Titanic's Last...