quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mentiras e verdades sobre as Coreias do Norte e do Sul.

As constantes ameaças entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul criaram todo tipo de fantasia sobre os países e seus líderes, inclusive aquelas alimentadas por eles mesmos. Confira algumas verdades, mentiras e suposições mais repetidas sobre um conflito que já dura mais de 60 anos. As duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra, pois a Guerra da Coreia de 1950-53 terminou com um armistício, e não com um tratado de paz.

Fonte:Agência O Globo




Mentiras


Alcance dos mísseis

O governo norte-coreano ameaça quase diariamente lançar um ataque nuclear contra os Estados Unidos. O problema é que o país carece de tecnologia para realizá-lo. O mais potente de seus mísseis, o Taepodong-2, tem alcance máximo de 6.000 quilômetros, suficiente para chegar a duras penas no Alasca. Utilizar bombas atômicas contra a Coreia do Sul seria dar um tiro no pé: as capitais Pyongyang e Seul estão a menos de 200 quilômetros de distância.

Loucura estratégica dos líderes

A imagem de um líder irracional com o dedo no botão nuclear resume muitas das análises das lideranças norte-coreanas. Mas as decisões do falecido Kim Jong-il e agora de seu filho Kim Jong-un sempre foram estratégias, a ponto de lhes garantir ajuda externa e uma posição forte na hora de negociar. Os dirigentes conduzem com perfeição a arte da tensão na península coreana, elevando-a e reduzindo-a de acordo com os interesses do momento.

Comunismo

A Coreia do Norte tem uma legião de fãs no Ocidente, a maioria convencidos de que o país é o último lugar onde se aplica o comunismo puro. Na realidade, o país está controlado por uma elite que vive rodeada de luxos que são proibidos aos cidadãos. A ideologia marxista é secundária em um sistema que combina dinastia hereditária, ultranacionalismo e resquícios fascistas que influem conceitos como a pureza e a superioridade da raça coreana.

Verdades

A guerra

O fato de não existir perigo de enfrentamento nuclear não significa que a Coreia do Norte não tenha capacidade de criar um conflito de consequências imprevisíveis. Seus mísseis podem chegar a Tóquio e a Seul em minutos, forçando uma intervenção dos Estados Unidos. A China, o principal aliado da Coreia do Norte, se veria obrigada a defendê-la, como fez na Guerra da Coreia, que começou com a invasão da Coreia do Sul por tropas norte-coreanas. Apesar de Pyongyang não descartar a possibilidade de unificar a península, é improvável que tente.

O país mais fechado do mundo

Ainda que nos últimos anos ocorreram várias mudanças, a Coreia do Norte continua sendo o país mais fechado do mundo. A tímida abertura econômica, a chegada de telefones móveis e o aumento da oferta de treinamentos na capital não mudaram a natureza totalitária do regime. Seus cidadãos não podem sair do país livremente e todos os aspectos da vida estão controlados: onde vivem, em que trabalham e, inclusive, que corte de cabelo usam. O mínimo desvio pode levar à prisão.

Fome

A Coreia do Norte conseguiu desenvolver armas nucleares, mas tem dificuldades de alimentar sua população. Várias crises de fome já mataram centenas de milhares de pessoas. A maioria dos recursos nacionais é desviada para as forças armadas dentro da política conhecida como o "exército primeiro".

Rede de gulags

Ex-presos, dissidentes e antigos funcionários de prisões confirmam que a Coreia do Norte mantém uma rede de gulags, onde poderiam estar presas mais de 200 mil pessoas. Pyongyang aplica um conceito de repressão conhecido como "responsabilidade compartilhada": não só a pessoa acusada, mas familiares e amigos também são detidos. A maior prisão do país tem cerca de 50 mil presos. A evidência de sua existência levou as Nações Unidas a iniciar uma investigação.

sábado, 30 de março de 2013

Como Jesus tratava as pessoas - Livro

Judas, Jesus e Pedro.(cena do filme Jesus de Nazareth)
"Jesus. Você já ouviu sobre Ele antes, leu sobre Ele, cantou sobre Ele. Você já refletiu sobre as contradições de Sua vida – como Ele é ao mesmo tempo Cordeiro de Deus e o Leão da tribo de Judá. Tanto Advogado quanto Juiz. Tanto Homem como Deus. Seus ensinos são mais simples e ainda assim os mais profundos de todos os tempos. Crianças pequenas O tocavam, sem medo. Entretanto, quando Ele veio à Terra, os impérios do mundo e do reino das trevas estremeceram e 
foram derrotados. O pecador culpado encontra aceitação e paz em Sua presença. enquanto os pretensos justos estão estranhamente sem conforto.

Ele veio à Terra, a primeira vez, na pobreza e desprezo, porém, Ele virá outra vez em poder e glória indescritíveis, para reinar como Rei dos reis para sempre e eternamente. Nenhum livro é capaz de pintar um quadro completo dEle. Todos os livros já escritos não podem descrevê-Lo plenamente, pois a possibilidade de novas idéias e visões em Sua vida e Seu caráter são tão ilimitadas quanto a própria eternidade. 

Este livro oferece simplesmente uma outra visão de Jesus, uma visão com uma ênfase particular em mente – como Ele tratava as pessoas. Isso começa próximo ao início de Seu ministério adulto, onde os escritores do evangelho começam a dar descrições detalhadas de Sua interação com várias pessoas ou grupos de pessoas. Outra vez, nesse aspecto, vemos o paradoxo de Sua vida. As pessoas comuns O ouviam alegremente, mas os sacerdotes e governantes – embora cressem e tremessem – no fim O rejeitaram. Ele saudou os pecadores, os ladrões, e as prostitutas. Ele tratava. os grupos minoritários de Seus dias com dignidade. Ele tinha compaixão dos temerosos, angustiados e tristes, e no entanto, condenava o orgulho e a autossuficiência." (Introdução do livro - tradução de José Carlos Ebling-autor Morris Venden)
















sexta-feira, 29 de março de 2013

Feliz Páscoa.

O ator norte-americano Jim Caviezel


O mundo cristão ganhou tantos assuntos que acabamos esquecendo quem verdadeiramente o sustenta, Jesus Cristo. Antigamente todos nós fazíamos luto, tínhamos reverencia pela lembrança do sacrifício de Cristo por nós, não comprávamos, não vendíamos, até carne não comíamos, ficávamos em reverência plena.Não posso afirmar se éramos mais gratos pelo plano perfeito de Deus, mas a Pascoa, a semana santa era um momento mais marcante, mais relevante para o cristianismo.

Pensando naqueles dias, resgatei uma canção atual, que revela, descreve o sentimento da época, a importância que o sacrifício de Cristo nos proporcionou. Essa belíssima canção tenta descrever o sentimento das pessoas, contemporâneos de Jesus, que viviam com a presença de Cristo em carne e osso e agora teriam que viver com Deus em espirito. A letra tenta descrever os primeiros dias apreensivos ao mesmo tempo a alegria de Cristo vivo, expressa a verdadeira liberdade, descreve nossas duas naturezas, verdadeiramente quem oprime e escraviza, o pecado.

Letra forte, uma aula de teologia, principalmente quando diz:"Morte, pecado foi derrotado E eu sou livre, eu sou livre, Enfim de mim." Feliz Páscoa, pois Ele vive, que linda promessa, que linda certeza, que alegria!!


Ele Vive.

                                                            (Leonardo Gonçalves)
Hoje é domingo de manhã
Hoje o sol não quer brilhar
Tudo é solidão
E elas vêm dizer de madrugada,ressurgiu
Não acredito em ilusões
O sol da justiça se apagou
O mundo inteiro viu
Os cravos em suas mãos
O seu corpo a sofrer
Sua morte lá na cruz
Nao consigo entender
E agora este túmulo vazio
Esse anjo a questionar:
Por quê procuras entre os mortos
Quem vivo está?

E hoje sou livre
Pois Ele vive
Ele vive, Ele reina em mim
Morte, pecado foi derrotado
E eu sou livre, eu sou livre
Enfim de mim

Como Jesus ressuscitou
Da morte eterna para luz
Da água renasci e faz sentido servir
Alguém melhor que eu












Mais sobre o tema:

A HISTÓRIA DA PÁSCOA CONTADA POR CRIANÇAS.
A VERDADE SOBRE A PÁSCOA.
FELIZ PÁSCOA, FELIZ VIDA ETERNA.
COMO JESUS TRATAVA AS PESSOAS - LIVRO.



domingo, 24 de março de 2013

Definição de saudade.



Artigo do Dr. Rogério Brandão, Médico oncologista

Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional (...) posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.

Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional... Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças.

Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano!

Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.

— Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores... Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!

Indaguei:

— E o que morte representa para você, minha querida?
— Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)
— É isso mesmo.
— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei "entupigaitado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.
— E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela.

Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:
— E o que saudade significa para você, minha querida?
— Saudade é o amor que fica!

Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica!

Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Quando a noite chega, se o céu está limpo e vejo uma estrela, chamo pelo "meu anjo", que brilha e resplandece no céu.

Imagino ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que me ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade! O amor que ficou é eterno.

Paz e luz a todos _/\_

Artigo do Dr. Rogério Brandão
Médico oncologista clínico
RC Recife Boa Vista

Confeitaria Colombo - Rio de Janeiro.

Manuel Lebrão, nascido no Alto Minho - Portugal, chegou ao Brasil aos 13 anos
e fundou a Colombo em 1894 onde ela está até hoje.

A Confeitaria Colombo localiza-se no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, rua Gonçalves Dias, 32  sendo um dos principais pontos turísticos da Região Central da cidade.

A confeitaria foi fundada em 1894 pelos imigrantes portugueses Joaquim Borges de Meireles e Manuel José Lebrão, tendo um extenso rol de clientes célebres entre a sociedade brasileira.

Sua arquitetura e ambiente permitem ter uma ideia de como teria sido a Belle Époque na capital da República. Entre 1912 e 1918 os salões do interior da confeitaria foram reformados, com um toque Art Nouveau, com enormes espelhos de cristal trazidos da Antuérpia, emoldurados por elegantes frisos talhados em madeira de jacarandá. Os móveis de madeira do interior foram esculpidos na mesma época pelo artesão Antônio Borsoi.

Em 1922 as suas instalações foram ampliadas com a construção de um segundo andar, com um salão de chá. Uma abertura no teto do pavimento térreo permite ver a claraboia do salão de chá, decorada com belos vitrais.

Entre os clientes famosos da confeitaria estão Chiquinha Gonzaga, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Villa-Lobos, Lima Barreto, José do Patrocínio, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, entre muitos outros.


A confeitaria Colombo foi a primeira loja da cidade a investir em luz elétrica.






sábado, 23 de março de 2013

98 erros bem comuns da língua portuguesa.

Erros gramaticais e ortográficos devem, por princípio, ser evitados. Alguns, no entanto, como ocorrem com maior frequência, merecem atenção redobrada. Veja os noventa e oito (antes eram cem) mais comuns do idioma e use esta relação como um roteiro para fugir deles.


(fonte: Equipe Grau 10)


1. “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

2. “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.

3. “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.

4. “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias.

5. Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.

6. Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.

7. “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.

8. “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.

9. “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

10. “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.

11. Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.

12. Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.

13. O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.

14. Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinqüenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro).

15. Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.

16. Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.

17. Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.

18. “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.

19. “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.

20. Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.

21. Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

22. Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

23. Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

24. O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

25. A última “seção” de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

26. Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

27. “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.

28. Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”, que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

29. A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

30. Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou… O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto… / Como as pessoas lhe haviam dito… / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

31. O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho).

32. Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?

33. “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.

34. O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.

35. Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.

36. “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.

37. A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.

38. A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.

39. Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.

40. Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.

41. Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.

42. “Cerca de 18″ pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.

43. Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.

44. Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.

45. Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.

46. Lute pelo “meio-ambiente”. Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc.

47. Queria namorar “com” o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.

48. O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não “junto aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não “junto ao”) banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não “junto ao”) Procon.

49. As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.

50. Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).

51. Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.

52. Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.

53. A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu “a luz a” gêmeos.

54. Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.

55. Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.

56. Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.

57. O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.

58. À medida “em” que a epidemia se espalhava… O certo é: À medida que a epidemia se espalhava… Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.

59. Não queria que “receiassem” a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).

60. Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.

61. A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)

62. Não “se o” diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.

63. Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.

64. Fique “tranquilo”. O u pronunciável depois de q e g e antes de e e i exige trema: Tranqüilo, conseqüência, lingüiça, agüentar, Birigüi.

65. Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.

66. “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.

67. Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.

68. Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.

69. Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não “dos mesmos”).

70. Vou sair “essa” noite. É este que desiga o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).

71. A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.

72. A promoção veio “de encontro aos” seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.

73. Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.

74. Se eu “ver” você por aí… O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.

75. Ele “intermedia” a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.

76. Ninguém se “adequa”. Não existem as formas “adequa”, “adeqüe”, etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.

77. Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”, substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas “precavejo”, “precavês”, “precavém”, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”, etc.

78. Governo “reavê” confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem “reavejo”, “reavê”, etc.

79. Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.

80. O homem “possue” muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.

81. A tese “onde”… Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que… / A faixa em que ele canta… / Na entrevista em que…

82. Já “foi comunicado” da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém “é comunicado” de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.

83. Venha “por” a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoço, etc.

84. “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não “inflingir”) significa impor: Infligiu séria punição ao réu.

85. A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).

86. Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também “comprimentar” alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).

87. O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.

88. Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV “a” preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.

89. “Causou-me” estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi iniciado” esta noite as obras).

90. A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não “foram punidas”).

91. O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.

92. “Haja visto” seu empenho… A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.

93. A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.

94. É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado… / Depois de esses fatos terem ocorrido…

95. Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não “para si”).

96. Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não “são”) 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.

97. A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg.

98. “Dado” os índices das pesquisas… A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas… / Dado o resultado… / Dadas as suas ideias…

99. Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.

100. “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.

terça-feira, 19 de março de 2013

A vida: Um dilema químico?

Clifford Goldstein

ESPERANDO GODOT, de Samuel Beckett 

Uma árvore desfolhada, uma estrada rural e dois homens sem-teto lutando pela sobrevivência. É noite e tudo está envolto nas profundezas das sombras dessa parte do planeta. Vladimir e Estragon esperam por uma misteriosa figura, cuja promessa de vir os motiva a continuarem existindo. Ao permanecerem em sua atávica esperança de que Godot chegue, um cortejo de sofrimento humano passa em tropel diante deles. Entediados, não tanto por toda a dor, mas pela inutilidade da vida, eles buscam alternativa fazendo o bem, tal como erguer um cego que havia tropeçado e caído ao chão.

“Vamos, comecemos a trabalhar”, incentiva Vladimir. “Num instante tudo se dissipará e novamente estaremos sozinhos no meio do nada!”

Ao Vladimir estender mão, porém, cai e não consegue erguer-se. A despeito de mais promessas de que Godot virá, eles novamente se inclinam para a morte, desta vez planejando enforcar-se. Contudo, não dispondo de uma corda, Estragon toma o cordel que lhe segura as calças, mas essas desabam sobre seus tornozelos. Testando a força do cordel, eles puxam; esse se rompe e ambos quase caem. Decidem então encontrar uma corda melhor e tentam novamente... mais tarde.

“Amanhã nos enforcaremos?”, pergunta Vladimir? “E se Godot não chegar? E se ele vier?”, indaga Estragon. “Seremos salvos?” Godot, logicamente, nunca chega, o que significa que eles nunca se salvam.

Certamente não se supõem que isso jamais ocorreria, razão por que, desde sua primeira exibição no Theatre de Babylone, em Paris, em 1953, a peça de Samuel Beckett, “Esperando Godot” ¹, se encerra com aquelas duas almas atrofiadas, náufragas numa existência que odeiam mas da qual não conseguem escapar. Nem estão seguros de que devem tentar, por contarem com a promessa de que Godot virá. O fato de que Godot nunca chega pouco importa; o que importa é a promessa de que ele o fará.

A peça de Beckett representa a polêmica anticristã mais cruel desde as ácidas invectivas de Voltaire, no século XVIII. É difícil imaginar qualquer cristão sério que creia na Segunda Vinda, não se sentindo caricaturado, em alguma medida, na patética tentativa de Vladimir e Estragon de equilibrar seus temores e dúvidas a respeito do sofrimento humano, com o conceito de um Deus amorável e todo-poderoso que prometeu vir para acertar todas as coisas, mas nunca aparece.

Todavia, a tragicomédia de Beckett em dois atos não faz pouco caso apenas da promessa, mas da vida sem a promessa, a promessa de algo além da Terra. O que é pior? Uma falsa esperança ou esperança alguma? Conquanto implacável para com a Segunda Vinda, “Esperando Godot” é pior ainda para com a vida desumanamente brutalizada do secularista que existe tão-só para manter-se vivo. Ao ridicularizar a obtusa caricatura do viver alheio a um propósito final, Beckett lança uma indagação que tem dominado o mundo pós-cristão: Como se vive uma existência destituída de significado?

A vida é por demais complicada, muito cheia de armadilhas e ardis inesperados para valer a pena ser vivida. Quando as pessoas não têm qualquer pista quanto ao propósito de sua existência, quando apenas podem esboçar hipóteses nebulosas de suas origens, quando tudo quanto se pode fazer é especular sobre o que advém com a morte, então causa admiração imaginar como os seres humanos ainda assim se dispõem a viver.

O Drama

Como escreveu Francisco José Moreno, “não podemos nem libertar-nos da certeza da morte, nem conseguir entender a vida.”² Quão incrível é que algo tão básico, tão fundamental como a vida, não possa sequer ser justificado e muito menos explicada sua própria existência. Um dia nascemos e por fim nos conscientizamos de nós mesmos, sendo a dor, a fome e o temor muitas vezes nossas primeiras sensações ou auto-percepção. Recebemos algo que nenhum de nós buscou, planejou ou aceitou; não estamos seguros do que seja, do que significa, ou mesmo por que o temos; esse algo é muito real e de ação imediata. Dor, tristeza, perda, temor, permanecem absurdamente inexplicáveis. Não obstante, apegamo-nos à vida mesmo tendo de perdê-la de algum modo. É tudo isso quanto está envolvido na existência humana?

“Esperando Godot” dividiu a realidade em duas esferas. A primeira é a mecaniscista, ateísta e secular. Aqui as verdades existem somente como equações matemáticas; são amorais. A segunda é espiritual. Transcende uma realidade unilateral e proclama que a verdade não se origina na criação, mas no Criador. No primeiro caso, o ser humano é o meio, o fim e tudo quanto há. No segundo, Deus o é. No primeiro caso, a humanidade é o sujeito da verdade, no segundo, o objeto, e um vasto abismo existe entre ambos.

Se a opção mecanicista for verdadeira, então nossa reação a longo prazo não importa de fato; o fim é o mesmo para todos nós, não importa quem sejamos ou o que pensemos, cremos ou fazemos. Se o segundo for verdadeiro, nossas reações têm conseqüências eternas. Se o primeiro caso for verdadeiro, jamais saberemos; no segundo, temos a esperança dos absolutos. Entre esses dois centros de gravidade, estende-se uma negra névoa.

A opção de um meio-termo, um equilíbrio entre ambos ao final da história, não existe (em última instância) e não pode existir (pela lógica). É um ou outro, não ambos. Nenhuma das arquiteturas filosóficas dessas visões é tão condensadamente tecida, tão perfeitamente acondicionada, para que até seus mais fiéis adeptos deixem de tropeçar nas extremidades soltas. Não importa quão firmemente fundida possa estar cada uma delas com suas crenças, ainda são somente crenças subjetivas, encontros com os fenômenos, meras opiniões sempre maculadas pelo que foi tecido nos genes durante a concepção, ou pelo que está borbulhando no ventre naquele instante particular do pensamento. A crença, por fim, não tem qualquer peso sobre a verdade ou a falsidade de seu objeto. Não importa quão fervorosa, ela não pode tornar o falso verdadeiro, nem o verdadeiro falso. O que é falso nunca existiu, mesmo quando apaixonadamente possamos crer que sim; o que é verdadeiro, em contraste, permanece, mesmo após termos há muito deixado de crer nele.

Onde estamos?

Com seus cinco desprezíveis personagens num cenário estéril, Samuel Beckett dramatizou o dilema mais imediato do Ocidente: Deus está morto, assim, aonde isso leva aqueles que foram criados à Sua imagem? Para Beckett, são deixados entre duas duras cadeias: uma, Cristo não veio como prometeu; duas, estamos numa triste condição porque Ele não o fez. Entre essas cruéis realidades, a humanidade está amarrada com uma corda que não oferece escapatória. Como poderia, quando o seu próprio nó é entrelaçado de toda a realidade, quando está feito com as únicas opções possíveis e quando está unido pela lógica irredutível?

“Nada há a fazer?”, resmunga Estragon em vista de nada restar a ser feito. Francamente, nada pode ser feito, não num universo em que nossos inimigos mais inflexíveis e irredutíveis recusam-se à submissão e não fazem prisioneiros, mas bombardeiam e atiram até que cada parede de célula desabe e tudo em seu interior se seque e entre em decadência. A morte é um inimigo impossível de ser caçado e destruído porque é feito daquilo que somos. Num universo materialista e de dimensão única, a vida e a morte são somente diferentes ingredientes da mesma sopa. Os vivos são tão-só uma versão pubescente dos mortos.

O filósofo pré-socrático Protágoras declarou: “Com respeito aos deuses, se eles existem ou não, eu não sei, devido à dificuldade do tópico e a brevidade da vida humana.”³ Desde então, e ao longo dos pressupostos materialísticos da ciência moderna, uma cosmovisão materialística teve uma longa história (em termos de tempo) mas escasso número de adeptos. Somente nos últimos cento e poucos anos, porém, o secularismo erigiu todo o edifício do pensamento ocidental, com os líderes científicos e intelectuais proclamando-o com o fervor dos cruzados. Concebido sobre as ruínas da revolução cromwelliana do século XVII, nascendo dos férteis ideais do Iluminismo, nutrido pela deusa da razão e encorajado involuntariamente pelos chamados cristãos de mente aberta e intelectuais, o secularismo alcançou sua maturidade no século XX. Agora está tão inserido na cultura ocidental, que temos de desviar os olhos de suas órbitas para ver os efeitos que exerceu sobre nossas mentes.

Nunca antes houve movimento tão amplo, institucionalizado e intelectualmente fértil para explicar a criação e todos os seus predicados (a vida, a morte, a moralidade, a lei, o propósito, o amor) sem um Criador.

Afinal de contas, por que preocupar-se com os textos dos mortos quando existe a ciência dos vivos? O que podem Jeremias, Isaías e Paulo dizer possivelmente aos que nasceram sob Newton, Einstein e Heisenberg? O Principia acaso não destronou o Apocalipse? Quem precisa do Senhor andando sobre a face do abismo (Gênesis 1:2), quando Darwin fez o mesmo sobre o H.M.S. Beagle?

Envolta em números herméticos expressos por cientistas e explicados por teorias bem elaboradas, a cosmovisão secular tem atraído uma aura de objetividade, de validação que está (pelo menos na atualidade) além do alcance da fé religiosa. A relatividade especial tem desfrutado de provas que a morte e ressurreição de Cristo não têm.

A despeito do aparente triunfo do racionalismo científico, sua vitória nunca foi ligada a nada, exceto a si próprio e a seus pressupostos dogmáticos. A cobertura, de fato, não é tão perfeita quanto se tem ensinado, e quanto mais tempo envolver o mundo mais puída se torna, até que a realidade venha à tona através das costuras. Certamente, o mundo se manifesta como material através de nossos sentidos; indiscutivelmente, o pensamento racional resolve charadas e ajuda jatos a voar; sem dúvida, a ciência tem dissecado o átomo e construído ônibus espaciais. Contudo, esses fatos não provam que o materialismo, o racionalismo e a ciência abrigam o potencial ou mesmo os instrumentos para explicar toda a realidade, mais do que a física clássica somente explica a conquista da Copa do Mundo pela França em 1998.

As equações definem inadequadamente e com paixão uma realidade rebelde, efusiva com pensamento, dinamicamente criativa. (The meaning of the phrase is not clear to me. Until this moment, I didn’t receive the english originals to compare) Que algoritmo pode explicar a paixão de Hamlet, que fórmula o arrulho de um pombo, que lei prognosticar Um Campo de Trigo Com Vacas, de Van Gogh? São as sinfonias de Beethoven e os textos líricos de Shelley nada mais do que manuscritos sobre os quais eles foram redigidos? Teorias e fórmulas, princípios e leis não fazem as estrelas brilhar, os sabiás voar, ou as mães alimentar os seus rebentos, mais do que inscrever os símbolos E=MC2 sobre uma peça de urânio refinado causa uma explosão atômica.

Esbanjando o essencial

Não obstante a grandiosidade das realizações científicas dos últimos cem anos, algo essencial e intrinsecamente humano foi desperdiçado pelo caminho. Isaac Newton declarou: “Ó Deus! Eu penso os Teus pensamentos após Ti”, e Stephen Hawking, ocupando a mesma cadeira de Newton em Cambridge, declarou: “A raça humana é apenas uma escuma química sobre um planeta de tamanho moderado, girando em torno de uma estrela média, nos arrabaldes de uma dentre centenares de bilhões de galáxias.”4 Entre ambos há toda uma dimensão, incapaz de caber em tubos de ensaio ou conformar-se com fórmulas. O céu, em vez de ser o trono do universo, foi despedaçado e seus fragmentos separados e pulverizados em nada mais do que volúveis mitos espalhados na imaginação humana. E agora, o Deus que outrora reinou nesse céu, em vez disso, desapareceu, duas vezes removido desse trono (criado pelas criaturas que Ele outrora criou).

Assim, o divino tem sido distorcido e destronado a fim de ajustar-se à estrutura que pelos cem anos passados vem estabelecendo os limites de toda realidade. Adicionalmente, aspectos integrais da existência humana têm sido penosamente reduzidos pelo racionalismo científico a contêineres, que não podem estocá-los mais do que uma rede de pesca pode conter piscinas de natação. Ética e amor, ódio e esperança transcendem não apenas a Tabela Periódica de Elementos, mas a todas as outras 112 facetas da realidade que a tabela representa.

A fórmula científica, não importa quão finitamente sintonizada e equilibrada, não pode explicar plenamente o heroísmo, a arte, o temor, a generosidade, o altruísmo, o ódio, a esperança e a paixão. Uma cosmovisão que limite o seu mundo e visão somente ao racionalismo, ao materialismo e ao ateísmo científico, perde de vista tudo quanto está além deles e que é tão parte integrante de nós, do que somos, do que esperamos, daquilo a que aspiramos, de amor e adoração, de vida e morte. A escuma química não pondera sobre mundos superiores, não visualiza a eternidade, não escreve “Os Miseráveis”, nem evoca o sublime. Fórmulas químicas e D+ são parte da vida, logicamente. Mas representam-na toda? Nunca! Pensar que sim é submeter-se ao mínimo denominador possível, é decidir-se pela opção mais barata quando existem outras, inspiradoras de maior esperança, mais ricas e promissoras.

Responsabilidade Moral

De fato, num mundo puramente materialístico, químico e mecânico, como podem os seres humanos ser responsáveis por suas ações? Se somos controlados apenas por leis físicas, somos semelhantes ao vento ou ao processo de combustão. Qualquer sociedade que tenha por base premissas puramente materialistas teria que deixar livres seus assassinos, tarados, ladrões, estupradores e todos os ofensores, porque somos máquinas; e quem pode atribuir culpabilidade moral a um equipamento? Seria o mesmo que levar um rifle AK-47 a julgamento por assassinato.

Nenhuma sociedade, mesmo aquelas comprometidas com o secularismo, permite tal impunidade moral, exceto entre os criminalmente insanos. Assim sendo, o que a sociedade diz, pelo menos implicitamente, é que se o materialismo científico fosse verdadeiro, todos teríamos de ser lunáticos. Toda cultura rejeita o materialismo radical, crendo, em vez disso, que somos seres moralmente responsáveis, não manipulados por forças físicas deterministas além do nosso controle. Somos movidos, obviamente, por algo mais do que aquilo que percebemos imediatamente, mesmo não sabendo do que se trata, mas apenas de que ali está e é real, e sem ele não seríamos vivos, livres ou humanos.

Immanuel Kant argumentava que o mero ato da razão supera a natureza, transcende as emoções, manipula desejos e incentiva instintos. Como poderíamos jamais pensar pensamentos transcendentes se não houvesse algo ao nosso redor, além da natureza, algo mais em relação às nossas mentes do que à carne que pulsa? Não haverá algum princípio declarando que os efeitos não podem ser maiores do que suas causas? “O que a ciência não pode nos dizer”, afirmava o filósofo Bertrand Russell, “a humanidade não pode conhecer.”

Será mesmo? Então não podemos conhecer o amor, o ódio, a misericórdia, a bondade, o mal, a felicidade, a transcendência ou a fé. Por conhecê-los todos, porém, uma cosmovisão como a do materialismo científico, que diz que não podemos, é obviamente inadequada.

A visão incompleta

“Um desconfortável senso de nulidade prevalece”, escreveu o matemático David Berlinski, “e tem prevalecido por tanto tempo, que uma visão puramente física ou material do Universo é algo incompleto; não pode abranger os fatos familiares e inescapáveis da vida ordinária.”5

A ciência e o materialismo não podem sequer justificar-se ou ter sua própria existência, muito menos explicar tudo o mais. O matemático austríaco Kurt Gudel demonstrou que nenhum sistema de pensamento, mesmo científico, pode ser legitimado por qualquer coisa dentro do próprio sistema. Faz-se necessário sair de dentro do sistema e contemplá-lo de uma perspectiva mais ampla e diferente a fim de avaliá-lo. Doutro modo, como pode alguém julgar, quando ele é seu próprio critério empregado para emitir o juízo? Como podem os seres humanos estudar objetivamente o ato de pensar, quando têm somente o ato de pensar para fazê-lo?

Por anos a razão tem reinado como rei epistemológico do Ocidente, o único critério para julgar a verdade. Contudo, quais têm sido os critérios para o julgamento da razão? A própria razão! Mas julgar a razão pela própria razão é como definir uma palavra usando a própria palavra como sua definição. É uma tautologia e as tautologias nada provam. Quão fascinante, pois, é que a própria razão, o fundamento do pensamento, particularmente do pensamento moderno, não pode de fato ser validada mais do que a declaração: “A casa é vermelha porque é vermelha.”

O problema para o cientificismo e o materialismo é: como se pode sair de um sistema para uma estrutura de referência mais ampla, quando o próprio sistema arroga-se abranger toda a realidade?

O que acontece quando atingimos as margens do Universo? O que há além? Se houvesse uma estrutura de referência mais ampla a partir de onde julgá-lo (talvez Deus), então o próprio sistema não seria todo-abrangente, como o materialismo científico muitas vezes alega. “Em suma”, escreveu o cientista Timothy Ferris, “não há e nunca haverá um completo e abrangente relato científico do Universo que possa ser comprovado como válido.” Ciência e materialismo sempre terão de ser admitidos... pela fé? O quê? Os limites inerentes à própria ciência requerem fé? Contudo, não é fé a crença em algo não provado, fora do escopo da ciência, cujo inteiro propósito é provar as coisas empiricamente? Não é o conceito de fé um resquício de uma era distante, mítica, pré-racionalística e pré-científica?

Por basear-se no materialismo, a ciência deixa implícito (ao menos hipoteticamente) que tudo devia ser acessível à experimentação e validação empírica. Idealmente, não devia haver lugar para a fé num universo científico; entretanto, a própria natureza desse universo o requer. Que paradoxo! Dentro da concepção materialística e científica, pois, reina o potencial para algo além dela, algo fora dela, algo que explica por que o amor é mais do que uma função endócrina, por que a ética é mais do que síntese química, e por que a beleza é mais do que proporções matemáticas... algo, talvez, divino?

***

Clifford Goldstein, um autor prolífico, é editor do Guia de Estudo da Lição da Escola Sabatina de adultos, junto à Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Seu endereço para correspondência é: 12501 Old Columbia Pike; Silver Spring, Maryland 20904; U.S.A.

Notas e referências:
1.   Samuel Beckett, Waiting For Godot (New York: Grove Press, 1954).
2.   Francisco Jose Moreno, Between Faith and Reason (New York: Harper Books, 1977), p. 7.
3.   Quoted in From Thales to Plato, edited by T. V. Smith (Chicago: Phoenix Books, 1956), p. 60.
4.   Quoted in David Deutsch, The Fabric of Reality (New York: Penguin Books, 1997), pp. 177, 178.
5.   David Berlinski, The Advent of the Algorithm (New York: Harcourt Books, 2000), pp. 249, 250.
6.   Timothy Ferris, Coming of Age in the Milky Way (New York: Doubleday, 1988), p. 384.

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