quinta-feira, 13 de junho de 2013

Escrevendo um livro.

Os seres humanos são contadores de história natos. Na verdade, nós gostamos tanto de histórias que a maioria de nós vai perdoar um quilo de escrita ruim, se houver um grama de boas histórias para ouvir. Antes de começar a se preocupar com sua prosa, comece por criar uma história que você vai adorar usando estas sugestões.

(WikiHow)
Criado por Traduções Sabrina L. Furtado

== Passos ==

1.Primeiro, decida se vai escrever sua história em primeira pessoa (nós, eu) ou em terceira pessoa (eles, ele, ela). Já que a segunda pessoa pode ser muito complicada, fique com a primeira ou com a terceira, caso queira mais facilidade!

2.Escreva sobre o que você conhece e com que se preocupa. Isso não significa escrever não-ficção ou ficção realista. Significa aprender lições e experiências de sua própria vida e canalizá-las para uma outra forma. Encontrar idéias de história que sejam relevantes para a sua própria vida fará de você uma autoridade imediata sobre o assunto. Além de fatos e experiências, não tenha medo de sondar o que você conhece emocionalmente.

  • Ponha os seus sentimentos no personagem principal. Tristeza, amor, alegria, como superar obstáculos e medo são coisas que "conhecemos" e que constituem a base das experiências humanas universais no coração de grandes histórias. Detalhes intrigantes podem atrair o leitor e fazer com que ele queira ler mais. Se ele não sentir nada por seu personagem ou pensar que as frases não fornecem nenhuma emoção, ele não terá tanto interesse em continuar.
  •  Manter a história relevante para a sua própria experiência vai torná-lo mais apaixonado pela escrita. E paixão se torna inspiração.

3. Decida qual público você imagina para seu trabalho. Ter um público claro em mente irá ajudá-lo a enquadrar suas idéias. Talvez você esteja escrevendo para adolescentes, para pessoas familiarizadas com um determinado lugar ou até para si mesmo. Se você não conseguir se decidir, anote algumas razões pelas quais você está contando esta história e, em seguida, pense em quem poderia se interessar por ela. Além disso, leia o primeiro capítulo para sua família, para obter uma noção de uma espécie de público.

4. Consiga inspiração através de sua vida cotidiana. Por exemplo, se você quiser escrever um livro infantil, observe as crianças. Veja como elas agem, veja o mundo através dos olhos delas. Em seguida, escreva sobre algo que as fascine. Ouça o noticiário. Talvez haja uma história sobre algo que esteja acontecendo em sua comunidade ou país só esperando para ser escrita. Pergunte "O que aconteceria se...?" sobre tudo o que lhe interessar.

  • Escreva sonhos. Talvez você faça uma história a partir de um ou mais deles. Uma boa maneira de capturar sonhos é ajustar o seu despertador para cerca de uma hora mais cedo do que você pretende acordar. Então, deixe-se mergulhar em um sono leve pela próxima hora. ''Sempre'' tenha um caderno ao alcance das mãos, para que a primeira coisa que você possa fazer seja escrever o sonho. Sonhos evaporam da memória consciente muito rapidamente. Então, escreva tudo depressa!

5. Mantenha um diário. Não tem que ser um projeto elaborado no estilo diário, narrando sua vida cotidiana. Basta carregar um bloco de notas com você o tempo todo e anotar qualquer coisa, grande ou pequena, que ocorra a você. Anote tudo, mesmo que seja um pensamento inacabado que não faça sentido ainda.

Diário aberto de Anne Frank - foto reprodução.
  • Se você estiver no ônibus, no trabalho ou em qualquer lugar e algo despertar seu interesse, anote para que você não esqueça. Confie em si mesmo. 

6.Obtenha conhecimento em assuntos com os quais você não esteja tão familiarizado. Quando começar a fazer progressos na sua história, você provavelmente vai querer incorporar elementos desconhecidos para tornar o mundo da sua história mais interessante. Passe um tempo observando as pessoas e imaginando como o mundo se parece do ponto de vista delas. Pratique empatia e acumule experiências que fazem os fatos que você lê terem contexto e significado.

  • Se necessário, pesquise eventos reais, itens e atividades para tornar sua história mais realista. Se, por exemplo, você tiver um personagem surfista em sua história, pesquise sobre surf. Aprenda os movimentos e técnicas. Se você tiver a oportunidade, entreviste um surfista a respeito de sua experiência. Experimente fazer uma aula de surf também.

7. Desenvolva o seu personagem principal. Se você criar um personagem convincente, que lhe fascine ou com o qual você se identifique bastante, ficará muito mais fácil imaginar os tipos de conflitos e situações nos quais ele possa terminar. Às vezes, tudo o que você precisa para o pontapé inicial é de um nome de personagem único, singular. Leia  o post Como Desenvolver um Personagem para uma História para ter mais idéias.

8. Siga um arco (de história). Saber quando e como jogar obstáculos e solavancos no caminho do seu personagem deixará a história mais fácil de se planejar, e mais atraente também.

  • Início: introduza o problema. O que o seu personagem quer ou não quer? O que está em seu caminho? O que o incomoda? (Exemplos: divórcio, ser o novo garoto da escola, passar de ano, ser alguém na vida). Ou, então, comece com algo que traga o leitor "para dentro" do livro. Algo que faça com que o leitor leia mais (exemplos: um acontecimento que está por vir, um concurso nacional de soletração, um evento emocionante nas ruas).
  • Meio: ao longo do caminho, adicione solavancos que deixem o personagem à altura do desafio. (Exemplos: vender sua casa, encontrar um lugar para sentar-se na hora do almoço, ser demitido, uma separação difícil). Comece com problemas pequenos, distantes ou gerenciáveis. Você não quer que sua história chegue ao clímax muito rápido.
  • O momento mais obscuro: este é o momento no qual parece que seu personagem não vai alcançar seu objetivo ou aprender a lição. Isso acontece, às vezes, depois de não conseguir superar o maior obstáculo (veja abaixo) ou quando percebe pela primeira vez o que é o obstáculo.
  • O maior obstáculo: este é o momento do maior conflito. É o ponto da história no qual seu personagem tem que lidar com ou superar o grande problema que você colocou no início ou no meio da história. (Exemplos: o pai se casa novamente, novos amigos rejeitam você, alguém importante para você morre.)
  • Fim: o conflito é resolvido. O seu personagem consegue o que quer ou não. Seja qual for o caso, seu personagem mudou ou aprendeu algo. (Exemplos: duas famílias são melhores que uma, um amigo verdadeiro para sempre, libertar-se de ilusões.) Lembre-se de que a semente de seu final estará sempre no seu início. Não escreva um final que venha do nada e nem resolva o problema por meio de intervenção repentina, já que isso empobrece o enredo.

9. Encontre alguém para ler sua história e dar-lhe um feedback. Diga a essa pessoa para não ter medo de ser honesta, e seja sincero quando disser isso. Você precisa de alguém que lhe diga realmente como sua história é boa (ou não). Tudo pode ser melhorado.
  • Não fique ofendido e não desista se você obtiver um feedback ruim. Você precisa ir além de seus próprios limites criativos. E críticas construtivas são uma grande ajuda nesse sentido. Peça ao seu leitor para que seja muito honesto e preciso.

10. Revise a sua história. Em vez de ficar sufocado por uma lista enorme de detalhes minúsculos, procure padrões nos feedbacks e concentre sua edição em um fio comum. Se todos os seus cinco editores pararam no mesmo ponto, há uma boa chance de você precisar alterar esse ponto.
  • Não mude sua visão da história por causa das idéias de outra pessoa. Novamente, se você ouvir uma ótima ideia, não tenha medo de substituí-la por uma que seja sua.

== Dicas ==

  • Leia mil livros antes de escrever um. Embarque em uma viagem corajosa e focada para ler autores (do mundo todo) que deixem você intrigado. Lembre-se de escolher livros que possam ter relação com sua história e tome nota de como o autor mantém as páginas virando. Se você quiser escrever um romance profundo e emocionante, leia alguns dos livros de Stephen King. São um bom exemplo. Observe o estilo que dá a cada livro seu significado, e se ele deixa você fascinado. Os personagens têm profundidade psicológica? O autor usa linguagem sensorial? Sempre tenha isso em mente, mas também lembre-se de manter seu próprio estilo de escrita.
  • Pense muito sobre seus personagens (quem são, como são, o que querem, do que têm medo), cenário (período de tempo, localização) e conflito (pessoa contra pessoa, pessoa contra sociedade, pessoa contra destino). Eles fazem com que a história fique interessante.
  • Saiba como você quer que seus personagens principais sejam. Não dê a um garoto nerd uma frase legal se você sabe que ele não diria isso. Conheça seus personagens como a si mesmo. Viva na cabeça do seu personagem por um dia.
  • Se você é facilmente influenciado pela escrita de outras pessoas, não leia muito. Atenha-se aos livros com os quais estiver familiarizado e estude como o autor desenvolve os personagens, o enredo e as metas ao longo do tempo.
  • Revise, revise, revise. Verifique a pontuação, ortografia, gramática e o sentido da frase, é claro. Mas não ignore as grandes questões. As ações e as respostas do seu personagem são plausíveis? Você tomou um atalho na trama, tornando-a superficial ou corriqueira?
  • Procure melhorar sua redação. Localize a palavra exata que você está procurando: o personagem está chateado ou agitado? Pesquise e pense sobre as conotações das palavras. Experimente manuais como "Manual da Redação - Folha de São Paulo", assim você poderá aprender a dizer o que quer de forma clara, eficaz e exclusivamente sua.
  • Minimize as pequenas marcas de diálogo (ex: "Disse André" ou "Maria sussurrou"). Querendo saber como você deve mostrar quem está falando? Atribua a cada personagem uma voz única, e firme o diálogo na cena. As pessoas se mexem quando falam. As coisas acontecem ao redor delas. Use deixas a partir do contexto para mostrar quem está falando. Se você realmente precisar usar "disse", vá em frente (confundir o leitor é pior). Porém, se você conseguir imaginar a cena, o uso da palavra será desnecessário (na maioria dos casos). Empregue palavras arrastadas, um sotaque, um tom autoritário, um tom submisso ou uma fala muito recortada, e mostre isso através da escolha de palavras. Tenha muito cuidado ao usar dialetos. Se você precisar usá-los, use-os com moderação. Se você conhecer bem seus personagens, terá uma boa ideia de como eles soam, a forma como eles se expressam e as coisas que eles nunca dirão.
  • As pessoas geralmente não falam usando frases completas. Elas dão respostas curtas e simples (de uma palavra, por exemplo). Então, de vez em quando, use palavras preguiçosas, tais como "Claro", "hum", etc. Não exagere nessas palavras! Um bom diálogo não soa exatamente como discurso real. Na verdade, é um discurso real sem todas as partes chatas.
Se você não souber para onde levar a história em seguida:
  • Tente escrever o que vier na sua cabeça. Logo, você estará escrevendo com boas ideias. E você pode usá-las para editar/substituir o que acabou de escrever.
  • Faça uma pausa. Vá dar uma volta, ouça uma música inspiradora, ande de ônibus em algum lugar incomum, ou até mesmo faça alguma atividade diária para tirar sua mente da história por um breve período. Depois de um tempo, volte e tente escrever novamente. Logo, as ideias surgirão. Elas parecerão mais claras se sua mente tiver um descanso de vez em quando. Você não vai querer se estressar com isso. Se você tentar terminar sua história da primeira vez que se sentar para escrever, vai se cansar rapidamente. Além disso, seu entusiasmo sobre como escrever a história vai rolar morro abaixo bem depressa. Então, é bom fazer pausas a cada meia hora, mais ou menos. Vai depender do seu humor e de quanto tempo você pode ficar sentado até ficar sem ideias. Contudo, não espere até ficar sem elas. Mais uma vez, faça pausas. Elas ajudam muito na história (e na sua disposição).
  • Talvez você tenha arrumado uma confusão. A trama está indo do jeito que você quer? A cena que você está escrevendo é necessária? Chegue à ação (está aí mesmo, acontecendo em sua cabeça) de uma maneira diferente.
  • Coloque sua mente para funcionar. Jogue poker de palavra: faça uma coleção de palavras únicas (substantivos, verbos, adjetivos, advérbios) que chamem sua atenção. Escreva cada uma em um pequeno pedaço de papel. Quando você tiver um monte delas, coloque-as numa caixa e escolha cinco. Faça uma frase coesa ou duas usando essas palavras. Logo, suas idéias vão se aglutinar.
  • Use a Internet e procure significados de nomes para criar nomes para os seus personagens. Isso é bom de se fazer quando você não consegue criar algum que sirva para determinado personagem. Por exemplo, se você tem um caçador em sua história, procure a palavra "caçador" em "significados". Provavelmente, sua busca resultará numa lista de nomes que se encaixam nessa descrição. O nome Venâncio significa "caçador". Então, esse personagem em sua história poderia se chamar Venâncio.
  • Use a linguagem sensorial. Esta é a chave para puxar seu leitor para dentro da sua história. Certifique-se de que seu público possa "ver, cheirar e ouvir" seus arredores. Pinte um retrato através de suas palavras. Você não quer que seu livro seja chato ou grosseiro. Você quer que seu leitor imagine como é tudo. Porém, não descreva cada folha em cada árvore ou você vai fazer com que o enredo se arraste.
  • Quando, por exemplo, estiver escrevendo um livro, é uma boa ideia reservar cerca de uma hora (todo dia) para escrever. Assim, você terá sempre em mente onde estava, onde está e onde quer chegar.
== Avisos ==
  • Tente não arrastar a história. Não prolongue o assunto. Dê detalhes suficientes para incentivar a compreensão e o interesse.
  • Descrever o cenário interminavelmente pode ser um beco sem saída (a menos que o livro seja de cunho geográfico).
  • É natural e fácil usar descrições de pessoas que você conhece bem, como sua família. Disfarce os personagens o bastante para evitar ofender sua família ou saiba que você ficará na lista negra deles por um tempo.
  • O bloqueio de escritor é muito comum. Você vai ficar frustrado, mas não desista. Faça pausas e descanse sua mente.
  • Não use palavras grandes e rebuscadas com muita frequência. Soa pouco profissional. É como se você tivesse usado um computador para escrever a história para você.

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