Em 1988 escrevi um conto de umas 10 páginas para um concurso cultural na empresa onde trabalhava. Era a história de um menino que ganhava a vida vendendo peixe na praça XV, centro da cidade do Rio de Janeiro.O cenário do conto era a praça da época, onde funcionava um mercado atacadista de distribuição de pescado para toda a cidade. Atualmente esse entreposto funciona nos mesmos moldes na cidade de Niterói. Era a vida de um menino que ajudava o pai alcoólatra e um dia foi convidado por uma um gerente que fazia um processo seletivo de alunos, a trabalhar no McDonald´s. A partir de então sua vida mudou e ele conseguiu ser um cidadão de bem.
Lógico que umas das prerrogativas do concurso, era que constasse o McDonald´s na história. Pois escrevi o conto de pura ficção, e ganhei como o melhor conto. Fiquei todo bobo e sonhei ser escritor, depois descobri que mal conseguia escrever certo, mas contínuo amante dos livros.
Foto Divulgação
Lógico que umas das prerrogativas do concurso, era que constasse o McDonald´s na história. Pois escrevi o conto de pura ficção, e ganhei como o melhor conto. Fiquei todo bobo e sonhei ser escritor, depois descobri que mal conseguia escrever certo, mas contínuo amante dos livros.
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Pois bem, como dizem por aí, a vida imita a arte ou a ficção pode virar realidade. Ou melhor ainda, as coincidências da vida são grandes. Deparei-me com uma grande coincidência: o Livro Dessert Flowers ( de Waris Dirie - foto) ainda não publicado por aqui, conta a vida da modelo da Somália até chegar ao mundo da moda. O que tem haver com o meu conto? Ela teve o McDonalds como trampolim para seu crescimento profissional tal qual meu personagem! No livro escrito por Waris Dirie (nome que significa Flor do Deserto), sua autodescrição, é muito parecida com meu conto, que tem no seu personagem principal uma história de vida muito semelhante. Meu conto não abrange questões tão profundas como o livro de Waris, que relata a vida da autora desde os desertos da Somália até ao topo do mundo da moda, passando por uma mutilação. Mas é a história que imaginei.
Waris Dirie nasceu numa família tradicional de doze filhos, numa tribo de nômades do deserto africano. Neste livro conta a sua vida, as brincadeiras com os irmãos, as corridas de camelos, e a mutilação genital imposta por uma anciã, quando tinha apenas cinco anos, como costume antigo aplicado a quase todas as raparigas somalis. O livro alerta para o problema da mutilação genital e conta ao pormenor este bárbaro costume pagão. O pai de Waris Dirie tentou negociar o seu casamento, quando tinha apenas doze anos, com um desconhecido de sessenta anos em troca de cinco camelos, e Waris desapareceu, fugiu.
Foto do filme que estreia hoje no Brasil
O livro narra a história desta fuga, a sua chegada a Londres, o seu trabalho como empregada do embaixador da Somália, posteriormente o seu trabalho como porteira do MacDonalds onde foi descoberta por um fotógrafo de moda. Flor no deserto é o relato verídico da vida de Waris Dirie, e tudo o que é descrito é baseado na memória da autora. Warie hoje é embaixadora da ONU trabalha pelo mundo divulgando sua ONG, que defende pessoas que sofrem de práticas satânicas de mutilações genitais.
Livro apaixonante em que temas sérios e reflexivos são abordados, uma fuga de África para a Europa, uma escalada dos desertos de África vivendo como nômade para uma vida como modelo de moda famosa, imagem dos produtos de beleza da Revlon, nomeada pelas Nações Unidas embaixadora para os direitos das mulheres, na luta pela eliminação da prática da mutilação genital feminina.
Mais:
Circuncisão Feminina uma atrocidade contra as mulheres, mutilação a sangue frio.
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