É fato que as chuvas foram maiores do que qualquer cidade suportaria, por mais preparada que estivesse nenhuma cidade no mundo resistiria a tanta água de uma forma tão intensa em tão pouco tempo. Mas se os administradores da Cidade e do Estado praticassem as políticas públicas que uma cidade, minimamente precisa, não teríamos tantas vítimas. Vitimas ceifadas, assinadas por um covil de políticas públicas não praticadas.
Fotos Marcos Tristão, Marcos de Paula/AE, André Coelho/Ag. O Globo e Genilson Araújo/Ag. O Globo
Quando aparecerá um governante no Estado do Rio de Janeiro que tirará essas famílias que moram em áreas condenadas para habitação? Quando as políticas publicas serão executadas? Quando teremos um programa para uma habitação decente? Antes de fazer um investimento em Olímpiadas, por que não fazer um veredadeiro investimento na população? Resolvendo os principais problemas da polução!
As eleições estão aí, em outubro. A oposição usará essas cenas para criticar a situação, mostrar a responsabilidade do governo atual e o que deveria ter sido feito. A página seguinte da história, a oposição ganha a eleição e repete o mesmo panorama. E assim já são mais de 40 anos de incompetência exposta, governos que se sucedem ano a ano sem nada mudar. Pergunto-me: o que precisa mais acontecer?
O Governo Federal também tem muita culpa em tudo isso, também não cumpre em devolver ao Estado parte do muito que arrecada. Esses recursos que estão enviando agora, por conta dessa tragédia anunciada, já deveriam a tempos ter prevenido esse caos. O Estado do Rio de Janeiro não recebeu nenhum centavo dos R$ 318 milhões autorizados este ano pelo Ministério da Integração Nacional para obras de prevenção a desastres, como os provocados pelos deslizamentos. Um levantamento da ONG Contas Abertas mostra que apenas 12% dos recursos previstos no programa de prevenção e preparação para desastres, ou R$ 39,4 milhões, foram desembolsados até agora para obras em 16 estados.
No ano passado, a situação do Rio na partilha dos recursos para prevenção e preparação para desastres foi parecida. De uma dotação orçamentária prevista de R$ 646,6 milhões para o programa de prevenção, somente R$ 138,2 milhões foram desembolsados, ou seja, 21% do total. Dessa quantia, apenas 1% foi repassado ao estado do Rio de Janeiro.
Se não recebeu nada para se prevenir dos desastres, o Rio, por outro lado, foi o estado que mais contou com recursos para reparação de desastres, em grande medida por causa dos deslizamentos em Angra dos Reis na virada do ano. Ao longo de 2010, já foram R$ 59,3 milhões com mais 200 milhões para o desastre dessa semana.