domingo, 11 de julho de 2010

Religião e transtornos psicóticos.

Afinal a religião ajuda ou atrapalha no tratamentos de pacientes com transtorno psicóticos?No meu ponto de vista ajuda e ajuda muito. O meu ponto de vista é de alguem que acompanhou o desenvolver da doença em um paciente com TAB (transtornos afetivos bipolar). Sabemos que estes transtornos psicóticos tem várias origens, que podem ser de fundo genético e até do meio onde vivemos. Acompanhei um paciente que acumulou e somatizou muito uma serie de emoções. Compreender o ser humano apartir do seu Criador ajuda, ajuda a organizar esse turbilhão de emoções, entendendo-se e qualificando, expressando suas emoções adequadamente. Agora existe religiões e religiões, se é que me entendem!
Mas há tambem quem não pensa assim, normalmente os psiquiatras tratam pacientes com transtornos psicóticos que são religiosos ou possuem alguma forma de espiritualidade. A maioria dos psiquiatras e outros profissionais de saúde mental, cientificamente treinados, acredita em uma visão de mundo secular, científica. Sigmund Freud acreditava que a religião causava sintomas neuróticos e, possivelmente, até mesmo sintomas psicóticos. Em Futuro de uma Ilusão, Freud (1962) escreveu: “Religião seria assim a neurose obsessiva universal da humanidade... A ser correta essa conceituação, o afastamento da religião está fadado a ocorrer com a fatal inevitabilidade de um processo de crescimento… Se, por um lado, a religião traz consigo restrições obsessivas, exatamente como, em um indivíduo, faz a neurose obsessiva, por outro, ela abrange um sistema de ilusões plenas de desejo com um repúdio da realidade, tal como não encontramos, em forma isolada, em parte alguma senão na amência, em um estado de confusão alucinatória beatífica…”.

Assim, Freud pensava que as crenças religiosas tinham suas raízes em fantasia e ilusão e poderiam ser responsáveis pelo desenvolvimento de psicoses (embora nunca tenha atribuído diretamente a causa da psicose à religião, apenas à neurose). Esta visão negativa de religião no campo da saúde mental permaneceu até os tempos modernos por meio das obras de Ellis (1988) e Watters (1992), que enfatizaram a natureza irracional das crenças religiosas e o seu potencial malefício. As crenças religiosas pessoais de psiquiatras e psicólogos (especialmente quando comparados com as da população em geral) refletiam igualmente as visões secular e, geralmente, negativa da religião, que são prevalentes nessas profissões (Neeleman e King, 1993; Curlin et al. 2005). Durante anos, as pessoas religiosas foram retratadas exemplos de doenças psiquiátricas em manuais de diagnóstico (antes do DSM-IV) (Larson et al., 1993). Porém, esta perspectiva negativa relativa à religião não se baseava em pesquisas sistemáticas nem em cuidadosas observações objetivas, mas sim nas opiniões pessoais e experiências clínicas de pessoas poderosas e influentes dentro da academia psiquiátrica que tiveram pouca experiência com religiosidade saudável.

Da mesma maneira que os profissionais de saúde mental não têm valorizado o papel da religião nas vidas das pessoas, com e sem doença mental, as comunidades religiosas também têm desenvolvido atitudes negativas em relação aos psicólogos e psiquiatras que são vistos, freqüentemente, como inúteis, ou ameaçando as convicções profundamente arraigadas que são centrais à sua visão de mundo. Na realidade, este conflito tem levado a muitos processos legais nos Estados Unidos, cujas comunidades religiosas não encaminhavam seus membros portadores de doenças mentais graves para cuidado psiquiátrico, acarretando resultados devastadores (Whitley, 2006). Os dois lados estão equivocados aqui, não apenas as comunidades religiosas, já que ambos têm contribuído para separar as práticas de cura de religiosos das comunidades de saúde mental.

Nos últimos 20 anos, prestou-se maior atenção ao estudo científico da religião e sua relação com a saúde e a doença mentais. Embora haja muito trabalho ainda a se fazer, evidências têm-se acumulado para que se possa ter respostas mais objetivas às perguntas, tais como: qual a relação entre religião, espiritualidade e psicose? Pessoas psicóticas são mais religiosas? A religião conduz à psicose? A psicose conduz a religião? A conversão religiosa pode precipitar a psicose? A psicose pode precipitar a conversão religiosa? Qual a freqüência dos delírios religiosos entre aqueles que são psicóticos? Como diferenciar experiências religiosas ou espirituais “normais” de sintomas psicóticos? Qual o efeito do envolvimento religioso no curso e evolução dos transtornos psicóticos? Que efeito tem a psicose nas crenças espirituais ou religiosas das pessoas? Estas são perguntas importantes que apenas agora começam a ser respondidas por pesquisas sistemáticas.

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