quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Testes e vacinas.

(Do G1, em São Paulo)

O teste da orelhinha, prática obrigatória por lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (3), é um dos testes pelos quais o bebê precisa passar ainda no berçário. O médico pediatra Yechiel Moises Chenchinski explicou à reportagem do G1 como são esses testes e o que eles ajudam a prevenir e detectar.

Teste do pezinho

A primeira medida na prevenção do bebê é tomada já na maternidade, durante o "teste do pezinho". Consiste na coleta de sangue do calcanhar do recém-nascido. Os serviços de saúde, públicos ou particulares, oferecem a triagem de três formas: básica, mais e super.

A triagem básica contém três diagnósticos: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito e anemia falciforme. A fenilcetonúria é uma doença associada a excesso de um aminoácido no organismo do bebê e pode levar à deficiência mental. O mesmo vale para o hipotireoidismo, déficit na produção de hormônios na glândula tireoide.

O teste do pezinho "mais" oferece outras sete informações sobre possíveis doenças como toxoplasmose congênita e deficiência de G6PD, enzima que protege os glóbulos vermelhos contra oxidação.

Triagens qualitativas como o teste do pezinho ajudam a detectar doenças cedo. (Foto: Justyna Furmanczyk)Com o teste "super", o organismo do bebê é analisado na detecção de 46 patologias, entre doenças relacionadas ao nível de aminoácido no corpo, defeitos no metabolismo de ácidos graxos (gorduras) e excesso de ésteres nas mitocôndrias. Tanto o exame "mais" quanto o "super" costumam ser oferecidos por serviços mais especializados, entre eles o da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

"Este teste, obrigatório, precisa ser feito antes de três meses, para que as doenças que ele detecta sejam ainda reversíveis", explica Moises.

Teste do olhinho

O teste do olhinho também é feito na maternidade. Durante o exame, um feixe de luz é lançado nos olhos do recém-nascido de forma inofensiva. Caso o reflexo seja vermelho, como é comum em fotografias tiradas com flash, o olho é sadio.

Se o resultado for branco, o bebê pode ter catarata congênita, uma doença que afeta o cristalino do olho, estrutura vital para o foco e visualização correta das imagens lançadas na retina.

Teste da orelhinha

Um fone de ouvido é colocado nas orelhas do bebê durante 5 e 10 minutos, enquanto a criança dorme. Estímulos sonoros são emitidos e a captação de eco produz um gráfico em computador. O médico analisa esses dados e verifica se o recém-nascido apresenta problemas como surdez e otite secretora.

"Muitas crianças que são diagnosticadas com transtorno de distúrbio de atenção e hiperatividade podem, na verdade, apresentar um defeito de audição e, consequentemente, na fala", afirma Moises. Segundo o médico, o ideal é que o exame seja feito, no máximo, até o terceiro dia de vida.

Vacinação

O diagnóstico possível por meio das triagens deve ser acompanhado pela vacinação do bebê, que é definida por calendário da Sociedade Brasileira de Pediatria, sempre com a consulta do médico que cuida do recém-nascido.

Confira abaixo tabela de vacinação recomendada pelo Ministério da Saúde em 2004, com complementações da Sociedade Brasileira de Pediatria, em 2008. Os dados compreendem apenas os seis primeiros meses de vida.

Idade                     Vacinas                       Doses                       Doenças combatidas

Ao nascer   BCG-ID                   Dose única                          Tuberculose


                    Hepatite B                1ª dose (de 3)                        Hepatite B


1º m            Hepatite B                 2ª dose (de 3)                       Hepatite B


2º mês        Sabin                        1ª dose (de 3)                      Paralisia infantil


                  Tríplice                      1ª dose (de 3)                Difteria, tétano e coqueluche


                  Haemophilus                  1ª dose (de 3)                 Meningite e outras infecções provocadas pelo Haemophilus b


                Pneumo conjugada         1ª dose (de 3)                  Meningite e outras infecções provocadas pelo Pneumococo


                 Rotavírus                          1ª dose (de 2)                   Gastroenterocolite provocada pelo Rotavírus


3 meses    Meningite C                      1ª dose (de 3)                 Meningite provocada pelo Meningococo C


4 meses    Sabin                                 2ª dose (de 3)                 Paralisia infantil


                 Tríplice                              2ª dose (de 3)                  Difteria, tétano e coqueluche


                Haemophilus                     2ª dose (de 3)                  Meningite e outras infecções provocadas pelo Haemophilus b


                Pneumo conjugada       2ª dose (de 3)                   Meningite e outras infecções provocadas pelo Pneumococo


                 Rotavírus                         2ª dose (de 2)                   Gastroenterocolite provocada pelo Rotavírus


5 meses    Meningite C                     2ª dose (de 3)                      Meningite provocada pelo Meningococo C


6 meses     Sabin                                3ª dose (de 3)                    Paralisia infantil


                  Tríplice                              3ª dose (de 3)                  Difteria, tétano e coqueluche


                  Haemophilus                    3ª dose (de 3)               Meningite e outras infecções provocadas pelo Haemophilus b


                   Hepatite B                        3ª dose (de 3)               Hepatite B


                 Pneumo conjugada           3ª dose (de 3)              Meningite e outras infecções provocadas pelo Pneumococo


                 Influenza                            1ª dose (de 2)               Gripe provocada pelos vírus Influenza e Parainfluenza 

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